segunda-feira, 11 de julho de 2011

delimitação de pronomes

Olhando para o espelho
quem é você?
costumava te chamar de "eu"
mas agora não arrisco o palpite

agoro olho pra você
e é bastante engraçado usar o termo "você"
quando passei tanto tempo falando "nós"
mas eu e você (não nós) sabemos que não é mais bem assim
eu sou eu, assim espero
e você é você, embora reste algumas dúvidas sobre isso também.

Agora que delimitamos os pronomes, hora de eu seguir a minha vida e você a sua (sempre lembrando de nunca usar nós)
não espero que você se lembre de mim, até porquê como disse, tenho meus palpites de que não sou quem penso que sou, mas você provavelmente se lembrará de... alguma coisa
eu posso dizer que me lembrarei de você, e daquela outra pessoa que você costumava ser.

amor... confuso, ou não

amo quem eu não quero de um jeito que eu não tenho vontade
tenho vontade de amar quem eu quero do jeito que eu quero
amo.
tenho vontade de amar
quero amar do meu jeito

amo você
não quero amar você
mas quero amar
portanto, amo você
não é bem do jeito que eu quero
mas te quero de qualquer jeito
então, esse é o jeito que eu quero

No final dessa ánalise, percebi que não fiz nada do jeito que eu queria
mas eu não queria que eu fosse de outro jeito
amo você, ponto final

domingo, 10 de julho de 2011

último dia

Coloco meus óculos na cabeceira, acho que eu deveria parar de usá-los, estão sem lente à muito tempo.
Deito na minha cama, acho que eu deveria trocar de cobertas, estão muito sujas e eu nunca as troco, não que eu vá trocar agora ou em breve, mas é sempre bom ficar atento pra essas coisas
aprecio o circulo formado pelo ventilador girando enquanto penso porquê ele deveria estar ligado se eu não sinto calor, depois penso nas contas acumuladas e na falta de um emprego, o pensamento logo me incomoda e me coloco de novo à pensar no próprio frio, levanto-me e desligo o ventilador.
Toca a campainha, percebo que embora eu fosse dormir, mal passava do meio dia, Rotina estranha essa de não ter rotina, me obrigo a descer das escadas e chuto um porta retrato, provavelmente deixei cair à uma semana e não percebi. A foto que eu chutei era uma minha sorrindo, ao lado das pessoas que davam razão à minha vida, isto é , quando eu tinha vida.
Abro a porta e sou surpreendido por duas pessoas com uniformes da polícia, me informando que havia uma ocorrência de briga no bar e eu estava sendo chamado para depor como testemunha, não que eu me orgulhe, mas eu sou provavelmente a testemunha perfeita para as brigas naquele bar devido a minha assiduidade, porquê quando se é desemprengado e não tem ambição nenhuma na vida, seguro desemprego vira cachaça, e agora que eu falei, ontem me foram os últimos centavos.
O policial mandou eu assinar uns documentos e assim o fiz, tirou uma caneta de um bolso perto de onde sua arma estava e me entregou, encarei por um tempo aquele objeto capaz de tirar a vida de alguém, ou no meu caso, fazer o coração parar, me detive por alguns pensamentos e olhei para o rosto do policial que atendia, não parecia ser do tipo inteligente, logo ele percebeu o quanto eu encarava a arma e me perguntou qual era o problema, respondi que eu estava curioso e nunca tinha visto uma arma antes, e como previ, sacou a arma e deu na minha mão, senti o frio metálico do objeto pela minha pele, e fui seduzido à uma manobra louca, menti, sabia manusear uma arma bem até demais, e sem que pudesse reagir, o ingênuo rapaz levou dois tiros no peito, caindo pra trás, e chamando a atenção do colega, que já ia sacando o revólver, mas não foi rápido o bastante pra evitar a bala que agora se alojava na sua testa.
Os dois caídos no chão a minha sala de estar, e apenas mais duas balas pra gastar, liguei para a polícia e para o jornal local avisando ter ouvido tiros,e me pus na porta esperando o movimento aumentar.
20 minutos se passaram e agora a minha rua tão abandonada estava cheia, as câmeras voltadas para mim, várias pessoas tentando me acalmar, dizendo que nada disso valia a pena, não pelo suicídio, pois ele só ia parar meu coração, mas porque não quero anos de invisibilidade e falta de sucesso, quando posso ter esse momento.
Aponto o revólver para a multidão e logo fico na mira de várias armas de fogo, poderia eu mesmo tirar a minha vida, mas ser alvejado parece mais legal, afinal, se for pra morrer, que morra com estilo, atirei na direção da multidão e acertei uma pessoa aleatória, e sinto várias dores simultaneas de balas entrando no meu corpo enquanto ele cai ao chão, posso ter exagerado um pouco, mas não preciso me preocupar mais com nada, lembrei dos meus óculos sem lentes, mas minha visão estava tão escurecida que não precisarei trocar novos.

Despedida de uma fraude sem saída

A verdade vem à tona mais uma vez, e todo o trabalho de fazer ela se tornar uma mentira torna-se vão, assim como essa conversa se tornou vã.
e todo o passado se mostra presente no futuro, devo dizer, agora deixe-me limpar meus sapatos da poeira que acumulei pra chegar aqui, não que vá ajudar, já estou de saída pelo mesmo caminho, mas provavelmente não nos veremos outra vez.
dizer que foi inútil tentar de novo é desnecessário, eu e você sabemos disso, a realidade já ligou os pontos para nós até perceberos que não havia mais o que ligar.
Mas se uma coisa deve ser dita de toda essa inocente farsa, uma coisa boa pra variar, é que foi (como sempre é) divertido desafiar o destino e tentar de novo, por mais que nós dois saibamos que mais uma vez ele levou a melhor.
Sem mais delongas, adeus, tenha uma boa vida, te desejo tudo de bom, (e desejo fielmente que você não perceba que meu desejo é pura educação)