quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ensaio sobre Mídia de massa e globalização.


Que tem uma coisa errada com o Brasil todo mundo já sabe desde antes da onda de “#obrasilacordou”, é de senso comum também que não é apenas o nosso país que tá desviado do caminho certo, e a parte engraçada é que a maioria dos lugares está errada mais ou menos pelas mesmas razões.

Antes de continuar, queria deixar claro que eu não vou me aprofundar nos motivos da situação atual, nem propor nenhum tipo de coisa nova, porque iria delongar muito o texto. Mas acho que todos sabem pelo menos  uns cinco motivos para ficar revoltado, e que por mais que ninguém saiba qual é a direção certa, dá pra ver que não é essa.

Dizem que as coisas só estão assim por culpa do povo que não se manifesta, e que o povo só se acomoda  porque é alineado, e que quem os aliena são justamente os meios de comunicação e entretenimento, os agentes da famosa ~mídia~. Por mais que seja um raciocínio cru, se encaixa muito bem em quase todos os graus de interação “indíviduo-Meios de comunicação”, desde um programa de rádio de cidade pequena até os mais famosos blockbusters. A verdade é essa: a mídia, seja para informar ou para divertir, tem um forte impacto na opinião pública (inclusive para fazer com que ela não tenha opinião nenhuma)

Desde o surgimento da televisão que o mundo viveu o que hoje conhecemos como globalização, que se consolidou de vez na queda do muro de Berlim e que hoje está mais forte do que nunca. Basicamente se criou a ideia de uma “cultura global”, que se fazia presente em todos os países, subjulgando os costumes locais. O Brasil e todos os países de terceiro mundo ou “em desenvolvimento” se comportaram semelhante a um índio que aceita a catequese de bom grado. Nós jovens percebemos isso bem mais no âmbito da música, das outras artes e do “estilo”,  mas não foram só essas coisas que sofreram mudanças, pararam de existir grandes diferenças entre modelos políticos e econômicos, e os países que tentam resistir à essa nova lógica são sumariamente boicotados (Alô cuba, Alô china, Alô países “terroristas”)

Com toda essa uniformidade entre os lugares, torna-se  muito complicado pensar em grandes mudanças, justamente porque se criou a ilusão de que as coisas são assim no mundo todo e que por isso o modelo imposto deve ser o mais sensato (Quem nunca ouviu aquele amigo dizer “se o socialismo fosse bom a União Soviética tinha ganhado a guerra fria”). Criou-se a ilusão de que todos os problemas do mundo estão enraizados ou são grandes demais, e uniformidades ridículas chegam a ser aceitadas, como a célebre máxima “todo bandido é corrupto”, que só serve para as pessoas se desinteressarem ainda mais pela política do próprio país.

Ok, já me aprofundei mais do que gostaria, a questão que eu quero chegar é: O povo é acomodado pela mídia e a mídia segue uma lógica globalizada. Então podemos dizer que a globalização é a causa de muitos problemas?

Sim, ela é a causa de muitos problemas, mas também pode ser a solução.

Todos os teóricos do começo do século passado eram pessimistas com os meios de comunicação (Vide Adorno, Walter Benjamim e todos os tiozinhos de Frankfurt)  e pessimistas com razão, afinal de contas, o contexto que eles viviam era da apropriação fascista dos instrumentos de informação e de entretenimento, e vemos através do olhar deles o quanto a mídia pode ser podre. Os meios de comunicação do século passado podiam ser considerados grandes impérios de donos da verdade, a televisão então nem se discute, moldou e manipulou a opinião de tanta gente que a maioria dos intelectuais a detesta.

Aí veio a globalização, e logo depois a internet, o que mudou?

A internet facilitou que o discurso hegemônico alcançasse os quatro cantos da terra, verdade, mas do mesmo modo que ela fez isso, também deu aos opositores uma voz que eles nunca tiveram. Mesmo que ainda tenha, a exigência financeira para se publicar uma ideia na internet é muito menor do que a mesma para um jornal ou para a televisão, que estão à serviço muitas vezes dos grandes empresários. Eu mesmo que sou um completo ferrado tenho condições de escrever isso aqui e ainda por cima publicar gratuitamente para os meus seguidores.

 A mesma globalização que abriu as portas para que viessem estranhos arrancar a nossa individualidade cultural deixou essas mesmas portas escancaradas para que gritemos pro mundo todo que esse tipo de atitude é foda. Henry Jenkins se apropriou dessa ideia quando criou o conceito de cultura de convergência, onde o receptor tem amplo poder de feedback aos conteúdos que lhe são passados, e que todos podem ser produtores de conteúdo (é mais que isso, mas resumi para vocês)


Não vou ser ingênuo, as ideias hegemônicas ainda gritam mais alto, mas a grande diferença é que todo mundo agora pode gritar também. Vamos fazer barulho juntos, e nem precisa ser a mesma coisa, só precisa ser diferente do que nos é apresentado aqui. É preferível que o mundo todo possua modelos diferentes de sociedade, para termos parâmetros para saber qual deles é o  mais sensato. Acredito Veementemente que não existem respostas e nem soluções absolutas para nada, mas se existisse, pode ter certeza que não é essa que a gente tá vivendo.


terça-feira, 9 de julho de 2013

FRIENDZONE NÃO EXISTE!

Friendzone tá na moda agora, pelo menos eu ando vendo mais gente falando sobre isso.

O conceito é simples, o cara (geralmente o cara) gosta muito de uma menina, mas ela não consegue ver o quanto ele é boa praça e o coloca na TERRÍVEL zona da amizade, onde ele é obrigado a não ficar com ela enquanto assiste um monte de caras não tão legais quanto ele tendo a chance. Esse é um problema que aflige praticamente todos os “caras legais” do mundo, porque mulher só dá valor pra babaca pegador.

Me pergunto se as pessoas que ficam chorando tanto por causa da tal zona da amizade já pararam por um instante para perceber a lógica desse raciocínio, ou a falta dela. Pra começo de conversa, quem foi que disse que você é um cara legal? Você mesmo? E o quanto você conhece os outros caras que se aproximam dela para saber a índole deles?

Mais ainda, porque nessas imagens de friendzone as meninas sempre são ou demonizadas ou imbecilizadas? Quero dizer, ou a menina é cruel, ou ela é fútil e só liga pras aparências (claro, porque todo menino nessa situação é o próprio messias por dentro) ou ela é só burra por não perceber o cavaleiro numa armadura dourada que está ali esperando por ela. Sim, pois na cabeça das pessoas que defendem isso, toda menina é uma donzela que precisa ser resgatada.

Ao invés de pensar que a menina é má por só querer ser sua amiga, porque você não pensa se não foi você que se aproximou e foi legal com o único objetivo de pegá-la? Cara, a garota não tem culpa de não sentir atração por ti, mulher não é uma máquina automática que tu coloca a ficha e sai sexo como uma latinha de refrigerante.

Aliás,  não vou nem falar de sexo, como quase todo “cara legal” é metido a Don Juan  super romântico, deveria entender que relacionamentos  também envolvem amizade, e que ser muito amigo de uma pessoa não impede que vocês tenham algo mais, não existe troca, existe uma soma. Enquanto você tratar mulheres como donzelas que precisam ser sempre cuidadas para tomar boas decisões, nunca vai ter a oportunidade de viver uma relação adulta e saudável com ninguém. Se você já se relaciona com uma pessoa com o intuito de “pegar”, é porque você nem a ama para começo de conversa, e se você só pensa no físico, no que isso te difere dos supostos "caras fúteis" que ela se relaciona?  


E não to negando que existam desilusões amorosas,  se desiludir faz parte da vida e ajuda no crescimento pessoal, e é exatamente por isso que devemos aprender a sofrer como adultos. Não culpe ninguém por aquele romance que só ficou na sua cabeça, não tem quem culpar, nem você mesmo, essas coisas acontecem o tempo todo. Nem sempre tem a ver com o quanto você é legal, existe uma série de fatores que fazem uma pessoa se interessar por outra, mas se você quer um conselho: não importa o sexo, ninguém gosta de uma pessoa infantil que bota a culpa de tudo nos outros.