Fonte: Folha de São Paulo |
Passei a semana inteira com a mão coçando para escrever
isso, mas achei sensato primeiro ir em alguma das manifestações para não dizer
nenhuma asneira (ou pelo menos evitar ao máximo).
Acho que você que está lendo já sabe do assunto que esse
texto trata, mas vou tentar dar um resumo bem prático:
O movimento passe livre, que começou os protestos, já existe
à cerca de oito anos com um número estimado de quarenta militantes, e se fez
conhecido por bloquear diversas vezes ruas importantes das grandes cidades,
além de liberar catracas aos passageiros. Nos últimos tempos (mais precisamente
nesse mês) o grupo ganhou intensa notoriedade nas redes sociais E NAS RUAS ,
devido à forte repressão policial em alguns protestos, hoje os líderes do
movimento já admitem que as manifestações adquiriram vida própria e que não
querem tomar a frente delas.
Então, pelo que eu sei e me corrijam se eu estiver errado, o
movimento começou humilde mas ganhou centenas de milhares de adeptos devido à
violência policial que foi registrada.
Hoje o que vemos nas ruas não é exatamente o passe livre, é
um movimento generalizado de insatisfação sobre qualquer coisa, tu olha ao
redor e vê gente reclamando do preço do ônibus, do marco Feliciano, da
legalização da maconha, da Dilma, da copa, da violência. Hoje em pelotas nenhum
“grito de guerra” (que não fosse o clássico “vem pra rua vem” ou “sem
vandalismo”) conseguia contagiar toda a multidão por muito tempo, porque a
demanda de assuntos era muito grande, e a ideologia das pessoas também era
muito diferente.
Primeiro, é MUITO BONITO ver a juventude reunida em massa
nas ruas, bonito mesmo, fora algumas pessoas que estavam obviamente para passar
o tempo/aparecer, tu sentia que ali tinha gente interessada em mudar o destino do país:
PORÉM, GOSTARIA DE USAR O TEXTO PARA DIVIDIR ALGUMAS COISAS QUE ME INCOMODARAM.
No começo do movimento a mídia caiu em cima chamando os
manifestantes de baderneiros, dizendo que a polícia deveria ser ainda mais
rígida com eles e tudo mais, em algum momento, ela descaradamente mudou de
lado, vi em algum lugar que o editorial da folha de são Paulo simplesmente
inverteu de opinião de um dia pro outro. Sei que teve gente que atribuiu essa
mudança ao fato de vários jornalistas terem sido agredidos, mas eu não acho que
os empresários por trás da imprensa tenham se compadecido dos “peões” que estão
lá no meio bagunça, se não fosse da intenção deles mudar de lado, aposto que
iam espalhar por aí que todos os tiros foram acidentais. (Claro, pode ser que
ela tenha simplesmente mudado para o lado que tá dando mais lucro, mas sei lá)
Também, quem foi que instituiu que bandeiras de partido são
proibidas? Esse povinho de direita, que sempre foi café com leite quando o assunto
era ir pra rua, resolveu se engajar (o que é bom) e agora quer mandar e
desmandar em um movimento que deveria ser livre (o que é péssimo.). Percebam a
contradição, se o movimento é apartidário, significa que ele, como um todo, não
possui ideologia política bem definida, o que não impede que cada indivíduo
levante a sua própria bandeira e siga suas próprias ideias, quando uma pessoa é
proibida de levantar a bandeira ou o cartaz que for, deixa de ser apartidarismo
e vira anti-partidarismo, que pra mim é partidarismo de direita enrustido! E
outra coisa, esse negócio de que “não deveria ter bandeira de partido, a única
bandeira que deveria ser levantada é a bandeira do Brasil” me cheira muito
errado, ufanismo e esse nacionalismo
babaca me lembra sabe o que? DITADURA. (Soube por uma amiga que queimaram até a
bandeira do movimento negro, porra!)
E aí vamos inevitavelmente chegar nessa questão: O Brasil
acordou?
NÃO CARA, NÃO! O BRASIL NÃO ACORDOU. Tu pode dizer pra mim
que milhares de pessoas acordaram, que a mídia acordou, que o mundo abriu os
olhos pra cá, mas dizer que o Brasil como um todo acordou é uma falta de respeito aos vários movimentos sociais que
ocorreram no país. Vamo enumerar aí: Marcha das vadias, greves de trabalhadores
no geral (que a opinião pública adorava dizer que era “vagabundagem”), marchas
contra o marco Feliciano, contra o renam Calheiros. E eu sei só isso porque sou
tremendamente mal informado, existem bem mais, achar que o Brasil só acordou
porque você chegou aos 45 do segundo tempo é muita prepotência, não acha?
Lembro que eu tinha reclamado no fórum do facebook das ideias
de colocar em foco os assuntos feministas (estatuto do nascituro, fora Feliciano
, essas coisas) eu acreditava que, como esses assuntos não iam ter unanimidade
de ideias com todos, só ia servir pra gerar discórdia e discussão, e que
precisávamos ficar unidos e tudo o mais. Só que agora a minha opinião é outra,
se tem “coxinha” usando esse momento pra
ter a voz que nunca teve pra propagar porcaria, e ainda por cima querendo calar
a voz de quem já estava lá a mais tempo, deve-se aproveitar o mesmo ambiente
para propagar o discurso “correto”, porque é melhor uma manifestação desunida
do que uma manifestação guiada para a direção errada!
Claro, não vamos ser infantis, boa parte das dezenas de
milhares de pessoas que estão ali não tá nessa “guerrinha” direita X esquerda.
O movimento é constituído em sua maioria de pessoas sem a menor preferência
política, que estão nos primeiros movimentos e não sabem que direção seguir
daqui pra frente, e é por isso que a gente não pode deixar as pessoas erradas “educarem”
essa massa, imagina se convence toda aquela galera que a gente precisa voltar à
ditadura militar? (aparentemente existiram cartazes clamando a volta dos
militares mesmo)
Quanto ao vandalismo, eu me divido em opinião. Quero dizer,
de um lado eu não acho que faz o meu estilo, e também acredito que quebrar o
carro de um civil ou de uma emissora de televisão não vai fazer nenhum problema
se resolver mais rápido. Por outro lado, se fossem uns protestos 100%
inofensivos de gente dando as mãos e que saísse deixando tudo intacto, não acho
que teria a força que tem hoje (a maior parte dos governos já diminuiu o preço
das passagens e tudo mais).
Só um adendo: pelamordedeus pessoal, eu não quero mais ouvir
ninguém dizendo que “todo policial é filho da puta”, porque ouvi bastante hoje,
talvez a instituição “polícia militar” seja de fato uma desgraçada, mas aquelas
pessoas ali estão obedecendo ordens, e tem famílias pra sustentar, são tão
explorados pelo estado quanto nós, mas respondem diretamente à ele. (claro,
existe policial filho da puta, a questão é só não generalizar)
Então é isso, deixo
aqui registrado os dois sentimentos meio
conflitantes, estou feliz pelos movimentos sociais terem atingido a grande
massa, é bonito ver o brilho nos olhos daquele monte de gente ali, mas também
estou apreensivo de que ou essa motivação seja tão viral quanto quase tudo que
começa na internet é , ou que essa “massa” seja guiada para o lado errado.
Estive nesse dia de protesto e estarei nos outros, posso dizer pelo menos que
EU acordei pra essa realidade, e falo por mim quando digo que não pretendo sair
dela.
Não vamos apenas lutar, vamos lutar do jeito certo e pelo que
é certo! Vamos aproveitar esse embalo
para realmente dar passos para frente e passar por cima de tudo e todos que
quiserem nos empurrar de volta para trás.
p.s¹- Se você usa a
máscara do Guy Fawkes ou qualquer máscara do tipo, já perdeu uns cinco pontos
de respeito comigo.
p.s²- Ronaldo, você é um babaca (e foda-se que é antigo, aquilo é idiotice não importa a época)
p.s³- Pelé, desculpa cara, tu é uma lenda do futebol, mas ce também tá bancando o imbecil.
p.s²- Ronaldo, você é um babaca (e foda-se que é antigo, aquilo é idiotice não importa a época)
p.s³- Pelé, desculpa cara, tu é uma lenda do futebol, mas ce também tá bancando o imbecil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário