domingo, 3 de junho de 2012

Amor industrial


Aquele momento em que você não sabe se o que dura mais é a sua paixão ou um cigarro já usado, me sinto como um brinquedo quebrado, ou melhor,  quebrado não é bem  a palavra, sou como um computador com o processador já obsoleto,  que ainda funciona, mas existem outros melhores e mais sedutores no mercado, e você tem condições de “comprá-los”,  não precisa se contentar com essa lata velha se outras necessidades foram criadas e eu não posso supri-las.
O que tínhamos sempre foi meio virtual, e eu lidava bem com isso, não sabia que também era um sentimento industrial, que seguia a lógica do mercado até mesmo na obsolescência programada,  nosso amor foi em série, e o modelo do ano já é outro.
Não a culpo, e tento me preencher com uma frieza que não faz parte de mim, aquela frieza necessária capaz de encarar qualquer coisa como pouca coisa e tratar a si mesmo com descaso, nada é importante demais, não é? Mas não sou um sujeito frio, não consigo realmente suprir minhas emoções, o melhor que posso fazer é distribuí-las, onde tem tristeza preencho com rancor e onde tinha amor , rearranjo para a raiva.
Disse que não a culpo, mas isso não significa que eu te entenda, não entendo seus gestos,  não entendo em como você congelou o que construímos com um sopro das suas palavras frias, e depois colocou tudo abaixo como  se fossem castelos de cartas, mesmo que eu achasse que se tratavam de muros de concreto.
E depois ainda vem me dizer que foi o melhor para nós dois, vai ver você está mesmo certa, me conhece tão bem, melhor do que eu jamais vou chegar a te conhecer, agora estamos livres pelo menos, melhor seria dizer que você está livre, como sempre foi, enquanto eu ainda estou algemados à uma gaiola de lembranças.

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