Atravesso novamente essa avenida de morbidez
já passei por uma centena de esquinas de desapontamento
passeio olhando para o chão, porque certa vez
aqui deixei que caísse meu ultimo sorriso
e por isso passo os meus dias a procurar
Poderia produzir outro, porque não?
sorrir é fácil, é como soprar a voz do seu coração
o problema é que também derrubei meu coração
caiu, e seus pedaços se espalharam pelo chão
recolhi tudo o que pude caber em cada mão
não pude recolher tudo
e o que recolhi não servia para muita coisa,
já não preenchia a lacuna a que pertencia
joguei-o fora
A estrada da morbidez possui milhares de desvios e saídas
mas não me atrevo a seguir nenhuma delas, não confio em minha sorte
a minha morbidez realmente nunca foi um beco sem saída
mas de morbidez em morbidez, ainda temo a estrada da morte
estrada essa que não possui placa, como nenhuma das outras
e mesmo que tivesse, porque haveria de confiar em uma placa?
seguindo, por centenas de desvios que me acostumei a ignorar
em um deles, me vi obrigado a parar
não. Não era uma placa
era alguém que me esperava
me aproximei e percebi que ele ela carregava
era um outro sorriso meu, bem melhor do que um dia eu quis
e os cacos reunidos do meu coração, que tornaram a se encaixar em mim
nunca confiei em placas
elas não costumam me explicar nada
mas ela me explica tudo sem dizer nada
por isso confio nessa saída
porque se essa estrada sigo com esta guia
não há motivos pra que nessa vida eu torne a me desvia
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