segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Datena e a imprensa sensacionalista, um mal necessário.



“Mãe mata filhas a facadas, acredita-se que o assassinato tenha sido motivado por uma briga com traficantes” “Acidente acontece na avenida paulista e deixa cinco feridos, o motorista que causou o acidente afirmou estar embriagado”. Esses são dois exemplos comuns de uma matéria daqueles programinhas policiais xaropes do começo da manhã ou do fim da tarde,  aposto que a maioria de vocês imaginou o mesmo programa após ler esse parágrafo, pois é, não dá pra não falar do Brasil Urgente.

Sensacionalista? Óbvio,  o programa é conhecido por matérias bombásticas referentes ao estado de São Paulo sendo narradas e comentadas por José Luís Datena, adorado pela maior parte das donas de casa e odiado por estudantes  e professores de jornalismo no geral. O “jornalista” é famoso por despejar declarações polêmicas todos os dias, que soam quase que  de propósito, como a sua (in)feliz frase onde associava ateísmo à criminalidade.

Minha opinião? Vejo o Datena e essa nova leva de apresentadores de TV sensacionalistas como uma espécie de mal necessário. Hoje parei pra assistir o Brasil Urgente por um tempo e vi uma reportagem onde se andava em toda a cidade mostrando a foto de uma acusada de homicídio, e não pude deixar de pensar , por um momento, que foi uma coisa boa a se fazer.

É fácil discutir ética profissional em eventos acadêmicos, longe dos perigos e da realidade de muitas pessoas, por pior que seja, este tipo de programação serve como um alerta para o povo de que as ruas  estão cada vez menos seguras, isso quando ele mesmo não ajuda a colocar alguns criminosos atrás das grades, mesmo que este não seja bem o seu objetivo principal, visto que um meio que depende do outro para existir. (Pois é, o Datena precisa de cada um daqueles assassinatos brutais para ainda se manter com um emprego)

Vejam bem, em nenhum momento digo que aprecio o trabalho desses “Datenas” da vida (claro, sem desmerecer o trabalho de gente realmente honesta nesse meio). Para falar a verdade acho o Datena um dos maiores imbecis que já pisou em nosso país, é homofóbico, Preconceituoso e (ouvi dizer) até racista. Puxa o saco da policia militar como se estes fossem os donos da verdade e da razão (acha que esse tipo de coisa não faz mal? Leia Rota 66, de Caco Barcelos), enquanto incita pânico entre as pessoas com seus discursos exagerados (certo dia vi ele colocando medo em um pai de família que tinha perdido a esposa, dizendo que ele seria o próximo)

Devemos pensar menos nas intenções de quem produz uma espécie de conteúdo e mais na consequência que ele traz para a sociedade. É bem verdade que a indústria cultural armada com uma imprensa sensacionalista tem tudo na mão para alienar o povo, e também é verdade que esse tipo de programa não inibe o crime, pois depende dele para conseguir audiência, e a criminalidade não depende do sensacionalismo para continuar existindo. Mas o sensacionalismo consegue ser o meio mais eficaz para informar o povo ignorante do nosso país sobre a criminalidade, não de uma maneira existencial nem explicando as raízes disso tudo, mas de uma maneira prática, que faça o pai de família ter mais cuidado quando volta durante a noite para a sua casa.

Não se deve, claro, se confundir as coisas e dar mérito à pessoas que não o possuem, se o Brasil  Urgente ajuda algumas pessoas a não sofrerem com a onda de criminalidade, não é por bondade do Datena muito menos da emissora para a qual ele trabalha, sendo bem franco eles querem mais é que você seja assaltado, assassinado e estuprado para render uma boa matéria do dia e conseguir mais audiência. Também não dá pra dizer que está tudo bem aceitar que o povo continue ignorante o bastante para só saber escutar esse tipo de conteúdo.

É inútil tentar bater de frente com a imprensa sensacionalista, ela é poderosa e em muitos momentos, inconvenientemente necessária. Se tem um jeito de acabar com a onda de criminalidade e ainda fazer o povo escutar formas de imprensa mais dignas, é através da educação. Não aquela que faz a pessoa ser capaz de assinar o próprio nome,  mas sim a que educa e faz com que ela pense com a própria cabeça. Até lá, por mais frustrante que possa parecer,  precisamos de Datenas para que o povo tenha mais cuidado e mantenha-se vivo.

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