domingo, 18 de novembro de 2012

Artistas e produtos culturais, um pequeno comentário.



Eu juro que não vou cair no simplismo de muitos pseudo-intelectuais de criticar qualquer produto voltado ao entretenimento ou ao lucro. É idiotice pensar em produtores de arte desinteressados em enriquecimento pessoal, seja esse enriquecimento financeiro ou simplesmente social (ficar famoso). Mas é de querer se enforcar ver que cada vez mais pessoas confundem “artistas” com “produtos”.

Artista é aquele que produz a arte, um profissional da cultura, por assim dizer, um produto cultural é aquela coisa feita por um artista, com intenções geralmente comerciais. Partindo desse princípio:  Paul Mcartney, o artista, compôs a música “Blackbird”, assim como o Diretor de cinema (Artista) Quentin Tarantino produziu o filme “Pulp fiction” (produto). Com os direitos autorais escancarados costuma ser mais fácil, mas o que dizer por exemplo de um individuo como Justin Bieber ou sobre qualquer integrante da banda One Direction?

Vou contar para vocês uma novidade que nem é mais tão nova, o seu artista pop tem uma grande chance de não ser de fato um artista, um produtor de conteúdo em si, está mais para um (muito bem calculado) Produto cultural. Desde as músicas que ele canta até as roupas que ele veste e o seu penteado, tudo dele é minimamente calculado por um grupo ENORME de empresários e músicos contratados para produzir algo que consiga trazer o máximo de recepção positiva possível. Mais do que isso, contratados para fazer com que todos percam o foco dessa realidade e se acostumem à confundir as coisas e atribuir talento super-humano à pessoas que não tem tanto talento assim e idolatrar pessoas que não merecem idolatria alguma.

“AI MAS TIPO ASSIM OS MENINOS DO ONE DIRECTION TEM TALENTO, ELES CANTAM SUPERBEM, NÃO É PRA QUALQUER UM”

Assim como Paul Mcartney usou seu violão acústico como suporte para transmitir as melodias de suas canções, da sua cabeça direta para o público, os meninos do one direction ou de qualquer bandinha pop são usados como instrumentos musicais pelos produtores. Não importa o quanto fique legal, aqueles meninos do palco tem a mesma relevância de uma guitarra, que por si só  ou nas mãos de quem não sabe tocar não é capaz de fazer absolutamente nada decente. Se fica bom é porque alguém muito habilidoso está mexendo com as cordas, sejam essas cordas de um violão ou de uma marionete.

“AH MAS A RIHANNA E AQUELA OUTRA SÃO PESSOAS SUPER LEGAIS, DOAM DINHEIRO PARA CARIDADE E TUDO O MAIS, E ALEM DO MAIS TU ESQUECE QUE ELES SÃO SERES HUMANOS COM SENTIMENTOS”

As pessoas tem uma mania muito grande de confundir caráter com talento, se a rihanna é uma pessoa legal, uma boa mãe, filha ou amiga, isso não deveria me dizer respeito se não sou nem da família nem amigo dela, o que me importa é o produto que ela tem para me oferecer. Sei que artistas pops também são seres humanos dotados de um cérebro desenvolvido e capacidade  de desenvolver um senso crítico, talvez alguns sejam até inteligentes, mas uma vez no palco não passam de uma caverna vazia que ecoa ideologias alheias.


Isto não faz com que o produto cultural se torne ruim, se faz sucesso é porque tem muita gente por aí para achar bom. Assim como não é porque um produto é “sincero” (que tem o seu produtor muito bem definido) que ele se torna automaticamente de qualidade. Grande parte dos MCs do funk escrevem suas próprias canções (o nível de instrução deles deixa transparecer no nível da poesia) . Se você quer gostar de algum artista pop, sinta-se livre para isso, nem a música nem nenhum tipo de arte deve ser alvo de elitismos escrotos,  ela está aí para ser apreciada, não para ser densa ou complicada, portanto aprecie. Só não caia no erro de idolatrar pessoas que não significam nada e dar crédito às pessoas erradas.

Um comentário: