Eu realmente detesto escrever sobre tragédias, deve ser porque me enoja o jeito que a mídia desrespeita
o sofrimento alheio e espreme até a última gota de audiência que aquele
acontecimento pode dar. Me sinto participando disso se resolvo opinar.
Mas coisas lá pela vida no facebook me influenciaram a mudar
de ideia, aqui estou.
Para quem não sabe, houve um incêndio em uma festa em santa Maria
(RS), onde mais de duzentas pessoas morreram. O caso chocou todo o país,
sobretudo a população jovem, pois foi literalmente
uma situação que poderia acontecer com qualquer um.
Falando bem por cima, o vocalista da banda que estava
tocando resolveu fazer alguma pirotecnia e acabou ateando fogo em tudo, somando
o fato da casa de festas só possuir uma saída de emergência e apresentar itens
de segurança vencidos. A sexta maior tragédia do país, e a segunda em número de
mortos poderia, e deveria, ser evitada.
Toda tragédia dessa magnitude causa enorme repercussão por
parte dos meios midiáticos, e não pense que eu estou reclamando disso. A
difusão do acontecimento ajuda no auxílio das famílias e acorda a população e
autoridades para uma fatalidade que poderá ser evitada no futuro. Mas quando
toda essa atenção deixa de ser útil e agradável?
Antes de começar, que fique claro que eu entendo a dor das
famílias e amigos das vítimas, e que não
julgo a empatia que se tem por estes, pessoalmente não paro de imaginar que
poderia acontecer comigo ou com alguém que amo. O meu problema vem quando se extrapola as barreiras da
empatia e usa tal acontecimento para promoção pessoal.
Pessoas que sentem necessidade de afirmar que sentem luto em
redes sociais ( principalmente quando não conhecem nenhum envolvido) não me
incomodariam se prestassem de fato um pesar sincero, um sentimento de aflição e
tristeza. Falo por pessoas que conheço, sei de gente que se usa de tragédias
para que suas postagens tenham um grande número de curtir ou de compartilhar,
ou para conseguir mais seguidores e RT no twitter, como se isso significasse
muita coisa. Quando você fabrica um sentimento para se promover, tá faltando
com o respeito com todas as pessoas que ainda perdem o fôlego de tanto chorar,
que estão sem chão. (Por favor, se você não afirma luto pra se promover, essa
mensagem não foi pra você)
Outra coisa que eu acho que passa dos limites é a divulgação
de fotos das vítimas, pode servir pra impactar, mas você não ia gostar de ver a
foto de um ente querido seu jogado no chão com o corpo semi carbonizado, para
mim os números já impactam o bastante.
Não pensem que eu detesto menos a atitude de quem quer pagar
de lorde das trevas 666 senhor do humor negro quando compartilha ou inventa
alguma piadinha com esse tipo de acontecimento. Se fingir luto é ruim, tirar
sarro com o acontecimento beira o desumano, e o mais irônico é que a maioria
das pessoas que faz esse tipo de coisa quer bancar o desumano mesmo. Me recuso
a colocar qualquer tipo de exemplo desse tipo de coisa, mas vocês sabem do que
eu to falando.
Empatia, segundo o dicionário, é a capacidade de compreensão emocional e estética, identificação de
uma pessoa com a outra. Isso todos sentimos, ver a morte de jovens faz com que pensemos o quanto a nossa
própria vida é curta, e que ninguém está imune de ser arrancado dela de forma
precipitada, só de viver estamos sujeitos à morte. Temos medo de perder a vida
e nos sensibilizamos quando acontece com qualquer um, mesmo que seja alguém que
não se conhece. Isso não prova que você é excepcionalmente bom, só prova que é
humano.
Aqui fica o meu sincero desejo de desculpas para as pessoas
que se sentiram ofendidas pela minha postagem, isto foi o que eu estava
pensando quando escrevi aquela frase. Espero que excepcionalmente vocês leiam
isso aqui e entendam o que eu quis dizer, foi culpa minha, me expressei mal.
Amigo, ainda devo comentar que existiu vários comentários de xenofobia nas redes sociais...como por exemplo: Ah Porque isso aconteceu aqui no sul? Essas coisas só podem acontecer com nordestinos e tal.
ResponderExcluirSim isso é fato, rolou mt disso no facebook e no twitter... mas foi meio "mascarado"...e o mais miserável é ver que nós nos entristecemos e preocupamos com a tragédia, claro de forma sensata e ainda temos que lidar com esse tipo de preconceito.
Não sei se vc já passou por algo aí em pelotas, mas só pelo fato de isso acontecer em pelo século 21 me deixa muito decepcionado com parte do povo brasileiro.