segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Lulu e Tubby

Bem vamos lá, não tenho todo o tempo do mundo que eu tinha antes, mas acho que não pude evitar fazer um comentário sobre essa nova onda de aplicativos de avaliar as pessoas do sexo oposto.

Bem, vocês tem facebook, sabem muito bem do que eu estou falando. Mês passado começou a bombar o tal do lulu, um aplicativo que só as meninas tem acesso, e elas podem avaliar anonimamente todos os rapazes que possuem uma conta no facebook (você tá automaticamente lá, se quiser sair tem que entrar lá e dizer que quer sair) baseado em atributos como inteligência, performance sexual, simpatia, esse tipo de coisa. Se eu não me engano elas fazem um questionário que gera uma nota de 4 à 10 e depois aparecem umas hashtags pré definidas que dá pra escolher.

As Hashtags variam de coisas “boas” como “#puxaassuntocomomeupai”” #escrevebem” “#trespernas” “#mãosfortes” até umas “ruins” como “#esqueceacarteira” “#maisbaratoquepãonachapa” “#sópensa naquilo” “#lerdo”.

Enfim, é isso.

Aí começou o burburinho nas redes sociais, um monte de cara reclamando que isso era difamação, que isso era crime, que era invasão de privacidade, que isso, que aquilo. Meninas Feministas dizendo que o aplicativo fazia os homens sentirem na pele um pouco do que elas sentem todos os dias sendo julgadas no meio da rua e em mesas de bar, e que o aplicativo era um intrumento de empoderamento feminino.
Também tinham homens e mulheres falando sobre como as pessoas estão ficando cada vez mais superficiais, citando aquele autor que fala de “amor líquido”, citando a bíblia, dizendo que o fim tá chegando. Aquele velho e bom “olhem para mim, olha como eu sou uma pessoa de bem que ainda acredita nos bons costumes” que gostam de fazer na timeline das redes sociais.

    O que eu acho do Lulu? Sou completamente indiferente à sua existência.

Como um amigo meu mesmo disse, o lulu dá uma nota objetiva (numérica) para coisas que deveriam ser subjetivas, antes se as meninas pudessem dar elas mesmas as notas, seria menos artificial. Aquelas avaliações não condizem ,muitas vezes, nem mesmo com a opinião da pessoa que te avaliou, então não é feito para se levar como verdade absoluta. Fora que as hashtags negativas são incrivelmente bobinhas, nem acredito que teve cara que se doeu e processou o lulu por causa de #maisbaratoquepaonachapa.

E numa coisa as meninas tem toda a razão quando argumentam, mulheres sabem muito melhor do que homens dessa história de serem tratadas como um tipo de produto que passa por constantes testes de qualidade. Tu pode até dizer que não faz isso, e eu também acho errado quando generalizam, mas muito homem grita na rua “Ê MULHER RABUDA. Ô LÁ EM CASA”, ou chega no bar com os amigos para chamar tal mulher de rodada e tal mulher de puta.

Tudo bem que as meninas já conversam entre si para falar dos caras que elas ficam ou querem ficar, não vamos dizer que isso não acontece porque já me falaram que acontece sim. A questão é que, até onde eu sei, as meninas costumam ter uma aceitação melhor de coisas que homens não sabem aceitar tão bem, o que provavelmente é fruto da nossa sociedade machista, que julga que algumas atitudes só são corretas quando são feitas por um sexo, quando na verdade todo mundo deveria ter o direito de fazer o que quiser com a própria vida sem precisar ser estigmatizado. E a gente sabe que na nossa sociedade, infelizmente, mulheres entendem de limitações e estigmas muito mais do que os homens.




Então quando eu vejo homem ficando tipo muito puto com esse negócio, no sentido de sentir que teve a honra manchada, que isso é invasão de privacidade, que a vida dele pode acabar por ter sido chamado de #maisbaratoquepãonachapa, eu não posso evitar que surja na minha cabeça essa imagem:



Agora ouvi umas pessoas falando sobre empoderamento feminino, que esse aplicativo dava voz e força paras as mulheres. Eu não acho que seja tudo isso, talvez eu ache justamente por não ser uma mulher e portanto não tenho muita noção da realidade delas. Não tenho como dizer se é certo ou errado pensar assim, o máximo que posso dizer é a impressão que eu tenho.

“você escreveu um texto inteiro pra dizer que é indiferente laércio?”

Não, eu nem ia falar  justamente por ser indiferente. Mas aí surgiu o tal do aplicativo Tubby, que foi feito para ser “uma revanche na mesma moeda” dos homens contra o lulu.

MAS CARALHOS ESSA PORRA NÃO É NA MESMA MOEDA NEM FODENDO, O Lulu não é baseado apenas na performance sexual do cara, leva em consideração outros pontos, muitos deles nem mesmo são romanticos, por isso mesmo as meninas podem avaliar os próprios amigos. Por mais que seja superficial em vários pontos, o lulu serve mais do que para dizer se uma pessoa é boa de cama, é feito também para dizer se um cara é gente fina ou não. AGORA ESSE TUBBY JA TEM NO SLOGAN “sua vez de descobrir se ela é boa de cama”, e uma das tags que já dava para ver qual é era #engoletudo, é muito diferente, é muito mais pesado.

Fora que vivemos em uma sociedade que castra muito mais a liberdade sexual da mulher do que a do homem, o #maisbaratoquepaonachapa que eu acho bobinho e que pode no máximo virar uma piadinha por ai pode ser o #maisbarataquepaonachapa que vai fazer mais uma mulher se suicidar por não aguentar os rótulos maldosos, dessa vez feitos por pessoas sem face. É uma verdade inconveniente, mas O MACHISMO MATA! E as tags super especificas que dizem respeito à vida sexual da pessoa é uma invasão à intimidade alheia, nenhuma menina tem a obrigação que homens, sem a autorização dela, saibam tudo o que ela faz ou deixa de fazer no sexo.

Então é isso meninos, parem de chororô, levem numa boa. Se você estiver mesmo sofrendo bullying, vai lá e apaga a tua conta e seja feliz, mas pare de bancar o oprimido que isso é muito longe de ser considerado opressão. E meninas, por mais que eu ache o aplicativo bobo, não vou ser eu que vou lhes dizer o que fazer, até porque eu faço muita coisa que acho boba, mas faço porque tenho vontade, então sigam fazendo o que achem melhor.


Fica meu apelo para que todas as garotas apaguem sua conta no Tubby o mais rapido possível e que nenhum homem se preste a expor uma garota que já se relacionou antes desta forma. Lembre-se, ela confiou em você, e é por caras que quebram a confiança de mulheres todos os dias é que muitas delas odeiam e temem os homens hoje em dia, e não vou ser eu nem você que vai dizer que elas estão erradas.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

G1 e Assassins Creed, jornalismo podre! DEMOCRATIZAÇÃO E REGULAÇÃO DA MÍDIA JÁ!

O jornalismo brasileiro hegemônico é podre, e eu sou jovem demais para dizer com certeza se ele se apodreceu ou se já nasceu desse jeito, tudo o que eu posso dizer é que cada vez mais ele me revolta. Hoje um garoto de doze anos é acusado de matar os pais, a avó e a tia, e advinha só? Em menos de 24 horas já começou a pipocar manchete metendo a culpa nos jogos de videogame.


A questão é que a foto de perfil do moleque é o Ezio, que para quem não sabe é o personagem “principal” de três títulos da franquia “Assassins Creed”, cuja história é centrada na figura de Desmond Miles, que revive as memórias sangrentas de seus ancestrais, que são os membros da ordem dos  “assassinos”, que vivem em guerra com os vilões da série, os chamados “templários”. Isso foi um resumo bem tosco, mas não quero me ater nesses detalhes porque o foco do momento é outro.

O foco é o posicionamento do jornal:



Primeiro o título de uma das matérias


Suspeito de matar pais PMs usa foto de game de assassino no Facebook”


 Vamos lá, leitor, pratique um pouco a sua interpretação de texto para perceber que existem dois sentidos possíveis na expressão “game de assassino”:

A-     Game cuja história envolve assassinos

B-      Game jogado por assassinos

Logo de título, existe uma ideia escancarada que os jogos influenciam a prática de assassinato, e não me venham aqui dizendo que não foi intencional,  não sou capaz de acreditar que O PORTAL DO G1,  que pertence à rede globo, que é o maior conglomerado de empresas de mídia do BRASIL e a segunda maior rede de televisão DO MUNDO, anda contratando gente incompetente para postar matérias na web. Eu, um mero e não muito brilhante estudante de jornalismo do interior do Rio Grande do Sul, apontei uma falha em pouco menos de um minuto que toda a redação do G1 não foi capaz de consertar em duas horas (até agora).

Porque tanto chilique com o título da matéria? porque a manchete muitas vezes é a única coisa que o leitor vai ver, e É RESPONSABILIDADE DO VEÍCULO passar a mensagem da forma mais clara possível. Para mim o g1 sabe que essa manchete carrega um discurso com duplo sentido, e é exatamente isso que eles querem.

O G1 TÁ EXERCENDO UM JORNALISMO CAÇA-NÍQUEL, PORQUE ELE SABE QUE TOCAR NESSA POLÊMICA DÁ AUDIÊNCIA.

Vamos agora ao trecho onde se fala do jogo:

"Assassin’s Creed" é um jogo que mostra a visão de Desmond Miles, um barman que volta no tempo na pele de seus ancestrais. Com isso, encarna o matador Altair e se envolve na guerra entre assassinos e templários ao longo de diversos eventos históricos como as Cruzadas, o Renascimento, a Revolução Americana e, no último jogo, a disputa entre piratas durante a conquista da América. Como membro da ordem de assassinos, Miles tem a missão de dizimar a Ordem dos Templários, que iniciou uma das Cruzadas a Jerusalém.

Ok,  foi um bom resumo,  só  acho que ficou mal colocado isso que o “objetivo dos assassinos era o de dizimar os templários”, porque isso não ressaltou o fato de que os templários são lunáticos que querem construir um mundo de paz através da obediência usando uma relíquia antiga que hipnotiza as pessoas. Do jeito que ele tá explicando parece que um monte de gente de capa se entreolhou e falou “porque a gente não mata uns templários? Tamos com tempo livre mesmo”, mas essa foi a interpretação de texto que eu fiz, não leve ela totalmente a sério.


Alguém já tinha me falado  isso, então eu fui procurar, o game do assassins creed é baseado em uma seita islâmica do século XI, denominada Ordem dos assassinos. Só que assassino, nesse caso, procurando a etimologia da palavra, não é no sentido de “matador”, o termo vem de “assass”, que em árabe faz menção aos fundamentos  da fé islâmica. Hassan-i Sabbah Gostava de chamar seus discípulos de “Asasyun”, ou seja, pessoas fiéis a “Asas”, que significa fundação da fé. (o artigo da Wikipédia sobre “ordem dos assassinos explica isso melhor)

PORRA GENTE, eu procurei “origem assassins creed” no Google e em menos de 30 segundos eu pude descobrir que o jogo é baseado em uma seita religiosa, será mesmo que um jornalista de uma grande empresa não poderia se dar ao trabalho de fazer a mesma coisa?


Não tenho muito tempo para escrever e vou me ater a esses comentários. Quem acompanha a mídia sabe quais serão os desdobramentos desse caso, posso prever mais e mais manchetes desse tipo, inclusive relembrando outros fatos onde os games foram colocados como culpados por crimes (SÃO MUITOS). A imprensa Brasileira é previsível, previsivelmente podre.


Acho que muitos de vocês já leram um texto mal escrito meu do passado, mas não custa repetir a minha opinião sobre a polemica de jogos e violencia:


Mentes capazes de cometer atrocidades sempre existiram, mesmo antes de inventarem videogames, se  estes não se influenciassem por jogos,  certamente seriam por outra coisa. Porque o discurso violento capaz de  alimentar mentes distorcidas sempre existiu, em todas as sociedades.
E é por causa dessa atitude completamente descompromissada com a verdade por parte de um grande veículo de comunicação que EU SOU A FAVOR DA DEMOCRATIZAÇÃO E REGULAÇÃO DA MÍDIA NO BRASIL, segue aqui o link para você saber mais da campanha:



http://www.paraexpressaraliberdade.org.br/
Aqui você fica por dentro das propostas, da agenda da campanha e tudo o mais, APOIE!!!!!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ensaio sobre Mídia de massa e globalização.


Que tem uma coisa errada com o Brasil todo mundo já sabe desde antes da onda de “#obrasilacordou”, é de senso comum também que não é apenas o nosso país que tá desviado do caminho certo, e a parte engraçada é que a maioria dos lugares está errada mais ou menos pelas mesmas razões.

Antes de continuar, queria deixar claro que eu não vou me aprofundar nos motivos da situação atual, nem propor nenhum tipo de coisa nova, porque iria delongar muito o texto. Mas acho que todos sabem pelo menos  uns cinco motivos para ficar revoltado, e que por mais que ninguém saiba qual é a direção certa, dá pra ver que não é essa.

Dizem que as coisas só estão assim por culpa do povo que não se manifesta, e que o povo só se acomoda  porque é alineado, e que quem os aliena são justamente os meios de comunicação e entretenimento, os agentes da famosa ~mídia~. Por mais que seja um raciocínio cru, se encaixa muito bem em quase todos os graus de interação “indíviduo-Meios de comunicação”, desde um programa de rádio de cidade pequena até os mais famosos blockbusters. A verdade é essa: a mídia, seja para informar ou para divertir, tem um forte impacto na opinião pública (inclusive para fazer com que ela não tenha opinião nenhuma)

Desde o surgimento da televisão que o mundo viveu o que hoje conhecemos como globalização, que se consolidou de vez na queda do muro de Berlim e que hoje está mais forte do que nunca. Basicamente se criou a ideia de uma “cultura global”, que se fazia presente em todos os países, subjulgando os costumes locais. O Brasil e todos os países de terceiro mundo ou “em desenvolvimento” se comportaram semelhante a um índio que aceita a catequese de bom grado. Nós jovens percebemos isso bem mais no âmbito da música, das outras artes e do “estilo”,  mas não foram só essas coisas que sofreram mudanças, pararam de existir grandes diferenças entre modelos políticos e econômicos, e os países que tentam resistir à essa nova lógica são sumariamente boicotados (Alô cuba, Alô china, Alô países “terroristas”)

Com toda essa uniformidade entre os lugares, torna-se  muito complicado pensar em grandes mudanças, justamente porque se criou a ilusão de que as coisas são assim no mundo todo e que por isso o modelo imposto deve ser o mais sensato (Quem nunca ouviu aquele amigo dizer “se o socialismo fosse bom a União Soviética tinha ganhado a guerra fria”). Criou-se a ilusão de que todos os problemas do mundo estão enraizados ou são grandes demais, e uniformidades ridículas chegam a ser aceitadas, como a célebre máxima “todo bandido é corrupto”, que só serve para as pessoas se desinteressarem ainda mais pela política do próprio país.

Ok, já me aprofundei mais do que gostaria, a questão que eu quero chegar é: O povo é acomodado pela mídia e a mídia segue uma lógica globalizada. Então podemos dizer que a globalização é a causa de muitos problemas?

Sim, ela é a causa de muitos problemas, mas também pode ser a solução.

Todos os teóricos do começo do século passado eram pessimistas com os meios de comunicação (Vide Adorno, Walter Benjamim e todos os tiozinhos de Frankfurt)  e pessimistas com razão, afinal de contas, o contexto que eles viviam era da apropriação fascista dos instrumentos de informação e de entretenimento, e vemos através do olhar deles o quanto a mídia pode ser podre. Os meios de comunicação do século passado podiam ser considerados grandes impérios de donos da verdade, a televisão então nem se discute, moldou e manipulou a opinião de tanta gente que a maioria dos intelectuais a detesta.

Aí veio a globalização, e logo depois a internet, o que mudou?

A internet facilitou que o discurso hegemônico alcançasse os quatro cantos da terra, verdade, mas do mesmo modo que ela fez isso, também deu aos opositores uma voz que eles nunca tiveram. Mesmo que ainda tenha, a exigência financeira para se publicar uma ideia na internet é muito menor do que a mesma para um jornal ou para a televisão, que estão à serviço muitas vezes dos grandes empresários. Eu mesmo que sou um completo ferrado tenho condições de escrever isso aqui e ainda por cima publicar gratuitamente para os meus seguidores.

 A mesma globalização que abriu as portas para que viessem estranhos arrancar a nossa individualidade cultural deixou essas mesmas portas escancaradas para que gritemos pro mundo todo que esse tipo de atitude é foda. Henry Jenkins se apropriou dessa ideia quando criou o conceito de cultura de convergência, onde o receptor tem amplo poder de feedback aos conteúdos que lhe são passados, e que todos podem ser produtores de conteúdo (é mais que isso, mas resumi para vocês)


Não vou ser ingênuo, as ideias hegemônicas ainda gritam mais alto, mas a grande diferença é que todo mundo agora pode gritar também. Vamos fazer barulho juntos, e nem precisa ser a mesma coisa, só precisa ser diferente do que nos é apresentado aqui. É preferível que o mundo todo possua modelos diferentes de sociedade, para termos parâmetros para saber qual deles é o  mais sensato. Acredito Veementemente que não existem respostas e nem soluções absolutas para nada, mas se existisse, pode ter certeza que não é essa que a gente tá vivendo.


terça-feira, 9 de julho de 2013

FRIENDZONE NÃO EXISTE!

Friendzone tá na moda agora, pelo menos eu ando vendo mais gente falando sobre isso.

O conceito é simples, o cara (geralmente o cara) gosta muito de uma menina, mas ela não consegue ver o quanto ele é boa praça e o coloca na TERRÍVEL zona da amizade, onde ele é obrigado a não ficar com ela enquanto assiste um monte de caras não tão legais quanto ele tendo a chance. Esse é um problema que aflige praticamente todos os “caras legais” do mundo, porque mulher só dá valor pra babaca pegador.

Me pergunto se as pessoas que ficam chorando tanto por causa da tal zona da amizade já pararam por um instante para perceber a lógica desse raciocínio, ou a falta dela. Pra começo de conversa, quem foi que disse que você é um cara legal? Você mesmo? E o quanto você conhece os outros caras que se aproximam dela para saber a índole deles?

Mais ainda, porque nessas imagens de friendzone as meninas sempre são ou demonizadas ou imbecilizadas? Quero dizer, ou a menina é cruel, ou ela é fútil e só liga pras aparências (claro, porque todo menino nessa situação é o próprio messias por dentro) ou ela é só burra por não perceber o cavaleiro numa armadura dourada que está ali esperando por ela. Sim, pois na cabeça das pessoas que defendem isso, toda menina é uma donzela que precisa ser resgatada.

Ao invés de pensar que a menina é má por só querer ser sua amiga, porque você não pensa se não foi você que se aproximou e foi legal com o único objetivo de pegá-la? Cara, a garota não tem culpa de não sentir atração por ti, mulher não é uma máquina automática que tu coloca a ficha e sai sexo como uma latinha de refrigerante.

Aliás,  não vou nem falar de sexo, como quase todo “cara legal” é metido a Don Juan  super romântico, deveria entender que relacionamentos  também envolvem amizade, e que ser muito amigo de uma pessoa não impede que vocês tenham algo mais, não existe troca, existe uma soma. Enquanto você tratar mulheres como donzelas que precisam ser sempre cuidadas para tomar boas decisões, nunca vai ter a oportunidade de viver uma relação adulta e saudável com ninguém. Se você já se relaciona com uma pessoa com o intuito de “pegar”, é porque você nem a ama para começo de conversa, e se você só pensa no físico, no que isso te difere dos supostos "caras fúteis" que ela se relaciona?  


E não to negando que existam desilusões amorosas,  se desiludir faz parte da vida e ajuda no crescimento pessoal, e é exatamente por isso que devemos aprender a sofrer como adultos. Não culpe ninguém por aquele romance que só ficou na sua cabeça, não tem quem culpar, nem você mesmo, essas coisas acontecem o tempo todo. Nem sempre tem a ver com o quanto você é legal, existe uma série de fatores que fazem uma pessoa se interessar por outra, mas se você quer um conselho: não importa o sexo, ninguém gosta de uma pessoa infantil que bota a culpa de tudo nos outros.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um texto sobre essas manifestações.

Fonte: Folha de São Paulo

Passei a semana inteira com a mão coçando para escrever isso, mas achei sensato primeiro ir em alguma das manifestações para não dizer nenhuma asneira (ou pelo menos evitar ao máximo).

Acho que você que está lendo já sabe do assunto que esse texto trata, mas vou tentar dar um resumo bem prático:

O movimento passe livre, que começou os protestos, já existe à cerca de oito anos com um número estimado de quarenta militantes, e se fez conhecido por bloquear diversas vezes ruas importantes das grandes cidades, além de liberar catracas aos passageiros. Nos últimos tempos (mais precisamente nesse mês) o grupo ganhou intensa notoriedade nas redes sociais E NAS RUAS , devido à forte repressão policial em alguns protestos, hoje os líderes do movimento já admitem que as manifestações adquiriram vida própria e que  não querem tomar a frente delas.

Então, pelo que eu sei e me corrijam se eu estiver errado, o movimento começou humilde mas ganhou centenas de milhares de adeptos devido à violência policial que foi registrada.

Hoje o que vemos nas ruas não é exatamente o passe livre, é um movimento generalizado de insatisfação sobre qualquer coisa, tu olha ao redor e vê gente reclamando do preço do ônibus, do marco Feliciano, da legalização da maconha, da Dilma, da copa, da violência. Hoje em pelotas nenhum “grito de guerra” (que não fosse o clássico “vem pra rua vem” ou “sem vandalismo”) conseguia contagiar toda a multidão por muito tempo, porque a demanda de assuntos era muito grande, e a ideologia das pessoas também era muito diferente.

Primeiro, é MUITO BONITO ver a juventude reunida em massa nas ruas, bonito mesmo, fora algumas pessoas que estavam obviamente para passar o tempo/aparecer, tu sentia que ali tinha gente interessada em mudar o destino do país:

PORÉM, GOSTARIA DE USAR O TEXTO PARA DIVIDIR ALGUMAS COISAS QUE ME INCOMODARAM.
No começo do movimento a mídia caiu em cima chamando os manifestantes de baderneiros, dizendo que a polícia deveria ser ainda mais rígida com eles e tudo mais, em algum momento, ela descaradamente mudou de lado, vi em algum lugar que o editorial da folha de são Paulo simplesmente inverteu de opinião de um dia pro outro. Sei que teve gente que atribuiu essa mudança ao fato de vários jornalistas terem sido agredidos, mas eu não acho que os empresários por trás da imprensa tenham se compadecido dos “peões” que estão lá no meio bagunça, se não fosse da intenção deles mudar de lado, aposto que iam espalhar por aí que todos os tiros foram acidentais. (Claro, pode ser que ela tenha simplesmente mudado para o lado que tá dando mais lucro, mas sei lá)

Também, quem foi que instituiu que bandeiras de partido são proibidas? Esse povinho de direita, que sempre foi café com leite quando o assunto era ir pra rua, resolveu se engajar (o que é bom) e agora quer mandar e desmandar em um movimento que deveria ser livre (o que é péssimo.). Percebam a contradição, se o movimento é apartidário, significa que ele, como um todo, não possui ideologia política bem definida, o que não impede que cada indivíduo levante a sua própria bandeira e siga suas próprias ideias, quando uma pessoa é proibida de levantar a bandeira ou o cartaz que for, deixa de ser apartidarismo e vira anti-partidarismo, que pra mim é partidarismo de direita enrustido! E outra coisa, esse negócio de que “não deveria ter bandeira de partido, a única bandeira que deveria ser levantada é a bandeira do Brasil” me cheira muito errado,  ufanismo e esse nacionalismo babaca me lembra sabe o que? DITADURA. (Soube por uma amiga que queimaram até a bandeira do movimento negro, porra!)

E aí vamos inevitavelmente chegar nessa questão: O Brasil acordou?

NÃO CARA, NÃO! O BRASIL NÃO ACORDOU. Tu pode dizer pra mim que milhares de pessoas acordaram, que a mídia acordou, que o mundo abriu os olhos pra cá, mas dizer que o Brasil como um todo acordou é uma falta de  respeito aos vários movimentos sociais que ocorreram no país. Vamo enumerar aí: Marcha das vadias, greves de trabalhadores no geral (que a opinião pública adorava dizer que era “vagabundagem”), marchas contra o marco Feliciano, contra o renam Calheiros. E eu sei só isso porque sou tremendamente mal informado, existem bem mais, achar que o Brasil só acordou porque você chegou aos 45 do segundo tempo é muita prepotência, não acha?

Lembro que eu tinha reclamado no fórum do facebook das ideias de colocar em foco os assuntos feministas (estatuto do nascituro, fora Feliciano , essas coisas) eu acreditava que, como esses assuntos não iam ter unanimidade de ideias com todos, só ia servir pra gerar discórdia e discussão, e que precisávamos ficar unidos e tudo o mais. Só que agora a minha opinião é outra, se tem “coxinha”  usando esse momento pra ter a voz que nunca teve pra propagar porcaria, e ainda por cima querendo calar a voz de quem já estava lá a mais tempo, deve-se aproveitar o mesmo ambiente para propagar o discurso “correto”, porque é melhor uma manifestação desunida do que uma manifestação guiada para a direção errada!

Claro, não vamos ser infantis, boa parte das dezenas de milhares de pessoas que estão ali não tá nessa “guerrinha” direita X esquerda. O movimento é constituído em sua maioria de pessoas sem a menor preferência política, que estão nos primeiros movimentos e não sabem que direção seguir daqui pra frente, e é por isso que a gente não pode deixar as pessoas erradas “educarem” essa massa, imagina se convence toda aquela galera que a gente precisa voltar à ditadura militar? (aparentemente existiram cartazes clamando a volta dos militares mesmo)

Quanto ao vandalismo, eu me divido em opinião. Quero dizer, de um lado eu não acho que faz o meu estilo, e também acredito que quebrar o carro de um civil ou de uma emissora de televisão não vai fazer nenhum problema se resolver mais rápido. Por outro lado, se fossem uns protestos 100% inofensivos de gente dando as mãos e que saísse deixando tudo intacto, não acho que teria a força que tem hoje (a maior parte dos governos já diminuiu o preço das passagens e tudo mais).

Só um adendo: pelamordedeus pessoal, eu não quero mais ouvir ninguém dizendo que “todo policial é filho da puta”, porque ouvi bastante hoje, talvez a instituição “polícia militar” seja de fato uma desgraçada, mas aquelas pessoas ali estão obedecendo ordens, e tem famílias pra sustentar, são tão explorados pelo estado quanto nós, mas respondem diretamente à ele. (claro, existe policial filho da puta, a questão é só não generalizar)

Então é isso,  deixo aqui  registrado os dois sentimentos meio conflitantes, estou feliz pelos movimentos sociais terem atingido a grande massa, é bonito ver o brilho nos olhos daquele monte de gente ali, mas também estou apreensivo de que ou essa motivação seja tão viral quanto quase tudo que começa na internet é , ou que essa “massa” seja guiada para o lado errado. Estive nesse dia de protesto e estarei nos outros, posso dizer pelo menos que EU acordei pra essa realidade, e falo por mim quando digo que não pretendo sair dela.

Não vamos apenas lutar, vamos lutar do jeito certo e pelo que é certo! Vamos aproveitar  esse embalo para realmente dar passos para frente e passar por cima de tudo e todos que quiserem nos empurrar de volta para trás.

 p.s¹- Se você usa a máscara do Guy Fawkes ou qualquer máscara do tipo, já perdeu uns cinco pontos de respeito comigo.
p.s²- Ronaldo, você é um babaca (e foda-se que é antigo, aquilo é idiotice não importa a época)
p.s³- Pelé, desculpa cara, tu é uma lenda do futebol,  mas ce também tá bancando o imbecil.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

"Sua fonte não é confiável"

“Ah  não cara, não acredito que tu tá vindo aqui com esse tipo de fonte, não vou nem argumentar aff, isso não é fonte confiável”. Sempre que escuto/leio declarações desse tipo, me dá um profundo sentimento de vergonha alheia pela pessoa que fala.

Não me levem a mal, sei que existem realmente fontes que não são nem um pouco dignas de confiança (1bj pra veja), mas a gente não pode ignorar as informações que nos são lançadas só porque não gostamos ou não concordamos com a ideologia de onde ela vem. Quando alguém nos argumenta usando fonte duvidosa, a primeira coisa a fazer é encontrar dados concretos que refutem a colocação dela, porque senão vira uma guerrinha de “aff sua fonte não é confiável”.


Boa parte das pessoas que utilizam desse tipo de argumentação na verdade não sabe argumentar direito, ou está com preguiça. Se você não sabe ou tá com preguiça de debater, não o faça, para não passar vergonha.

sábado, 4 de maio de 2013

Vida, morte e sacadas de apartamento



Sentei na cadeira de balanço da sacada do meu apartamento, apreciando o espetáculo de luzes e ruídos violentos que apenas a vida em uma cidade grande pode proporcionar, não sei bem o porquê, mas sempre gasto cerca de uma hora da minha noite ali. Talvez eu goste de observar o movimento das coisas, visto que a minha vida não tem muito disso. Mas não há quem negue, observar uma cidade movimentada de longe sempre pode fazer você refletir sobre vários assuntos.

Quer dizer, quando você está em uma sacada do sétimo andar, tudo o que você consegue ver são pontinhos indo para lá e para cá, e é fascinante quando você pensa que cada um deles é uma existência independente, com seus próprios problemas, sonhos e pensamentos. Mas isso não importa, porque, como disse, visto de longe todo mundo é só um pontinho indo para lá e para cá, e quem é que tem tempo de ver cada um de perto?

Certa noite uma moça já de idade tentou atravessar a faixa de pedestres, o sinal estava vermelho,  a via estava vazia,  tudo estaria ok se não aparecesse um jovem bêbado o bastante para não perceber o sinal vermelho, muito menos a senhora. Nos primeiros instantes depois do atropelamento, praticamente todos os olhares convergiram para o local do acidente, a moça estava obviamente morta com o corpo estirado no chão ensanguentado.

Mesmo que por um instante, o fluxo constante e aleatório de indivíduos daquela avenida sofreu um baque, por alguns momentos, a vida deu uma pausa, como em uma homenagem à perda de mais um pontinho que andava para lá e para cá. Mas o fenômeno não perdurou, de pouco a pouco, um a um, os pontinhos recuperaram as suas posições até que toda a avenida se encheu de vida, e quando aquele corpo ocasionalmente for removido, será como se nada tivesse acontecido.

Indiferença? Não vejo dessa forma. Para mim existe um campo de batalha invisível ali embaixo, é a vida, que dá combustível para que cada um se mova livremente, em contraste com a morte, que sempre está por perto para interromper os passos de cada um daqueles indivíduos. Cada um desses pontinhos que observo daqui certamente sabe que não escapará da morte, por isso não há no mundo pessoa que não se abale quando a morte bate na vizinhança.

O fato do movimento não tardar a voltar é a prova de que, não importa o estrago que a morte faça, em menor ou em maior grau, ela nunca consegue parar o fluxo contínuo da vida. É verdade que um dia todas as pessoas nessa rua estarão silenciadas, eu também o serei, mas o fato desse fluxo se manter sempre forte me deixa a certeza de que, nessa guerra invisível, a morte sempre abala, mas também sempre perde, e os pontinhos sempre ali estarão para andar para lá e para cá.   

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Triste vida de lavinho (ou olavo)

Olavinho (ou quase qqqq)

Olavo souza, ou lavinho, como era chamado, sempre foi uma criança mais inteligente e mais esforçada  que a média. Do jardim de infância até o começo do ensino fundamental desconheceu a capacidade de passar um dia inteiro  sem começar uma infinita sessão de perguntas, seja para o professor ou para qualquer adulto que considerasse qualificado, muitas vezes questionando assuntos difíceis demais para serem respondidos naquele momento. Nas reuniões de família já era costume parabenizarem dona Neide e Seu Geraldo por ter um filhinho tão inteligente, “Lavinho fará grandes coisas, não é mesmo meu sobrinho?” Dizia a tia vitória, enquanto o jovem Olavo se escondia atrás da saia da mãe.

No ginásio e no ensino médio, dedicou boa parte do seu tempo à leitura, o que era louvável, visto que era difícil adolescentes se dedicarem para qualquer coisa. Lia de tudo, mas tinha apreço especial por livros de política, filosofia e sociologia, no começo buscava aleatoriamente os títulos, até que passou a perceber que alguns autores tinham opiniões que o agradavam mais, aí passou a ler uma série de livros e ignorar outros. Quando tinha qualquer tipo de discussão em sala de aula, podia-se ter certeza que Lavinho estava defendendo o seu lado de alguma forma, os outros alunos nem ousavam discutir com o colega que tinha noção de assuntos que eles nem sabiam que existiam, e os professores, mesmo discordando às vezes, deixavam o menino sair vitorioso da maioria dos debates, talvez para não constranger o garoto e fazê-lo desistir dos estudos. O professor Fernando, de filosofia, repetia na sala dos professores “nesses tempos, quando a gente vê um aluno esforçado como o Olavo, é difícil não tratá-lo com carinho,  pessoas como ele estão em extinção”. Lavinho tinha o carinho dos professores e o respeito dos colegas ,e a cada ano que se passava tomava mais consciência disso.

Sabe qual o problema dos elogios? Eles são ótimos para encorajar, mas passando de um ponto, eles começam a fazer com que a pessoa elogiada se sinta mais inteligente do que realmente é, e foi o que aconteceu com o pobre Olavo, à medida que ficava mais velho, encontrou pessoas realmente dispostas a discutirem, e tinham opiniões contrárias tão convictas quanto as dele. Ao chegar na universidade, Olavo foi contrariado e confrontado por vários professores e colegas, e muitas vezes foram jogados na sua cara argumentos que ele desconhecia como rebater, também pudera, visto que fazia anos que não lia nada que contrariasse a sua própria opinião, aliás, fazia um bom tempo que não lia nada novo. Numa situação destas, o ideal é demonstrar humildade, reconhecer a falta de argumentos e estudar mais , para se preparar para o futuro, mas o caminho que tomou foi outro.

Como poderia estar errado? Passou quase vinte anos da sua vida sempre estando certo, a única verdade plausível era a que tudo e todos que o contrariavam estavam errados. Pegou a mania de argumentar de forma violenta, tentando não mais defender o seu ponto de vista, e sim tentando mostrar o quanto a pessoa que estava discutindo com ele era burra, para ele todos os argumentos contrários eram alienados e nenhuma fonte que o confrontasse era confiável. “Ah, como se os dados desse instituto valessem de alguma coisa” “você não compreendeu o que esse autor quis dizer, mas também, não dá pra culpar, vi suas notas naquela disciplina”, até mesmo dizia “olha, pode parar  de discutir, os seus argumentos são tão ruins que eu nem vou me dar ao trabalho de responder”.

Ninguém mais levava Olavo a sério, talvez só os seus pais, para a comunidade acadêmica no geral, ou para qualquer adulto que o visse de longe, ele tinha virado um ranzinza, uma pessoa que no máximo servia para divertir, em alguma de suas encolerizadas discussões.

Pobre Lavinho, podia fazer coisas grandes, mas hoje é só um grande idiota.

sábado, 20 de abril de 2013

Redução da maioridade penal, uma péssima ideia.


Faz tempo que eu não tento abordar um assunto realmente polêmico, admito que estava tentando evitar ao máximo aquelas discussões intermináveis com pessoas me chamando de idiota, mas o dever me chama, e eu realmente quero falar sobre isso.

Enfim, acho que todos estão cientes da morte do estudante universitário Hugo Deppman, que foi assassinado mesmo depois de ter entregue o celular. Foi uma situação foda, que comoveu todo mundo, até eu fiquei meio assim porque também sou estudante universitário, podia ter sido qualquer um ali. Mas o que realmente garantiu a repercussão do caso foi o fato do assaltante estar a poucos dias de completar 18 anos e, portanto, seria julgado como menor. E o que acontece sempre quando um menor se envolve com crimes violentos? Se você pensou no mimimi de diminuição da idade penal, acertou.

Não é possível que só eu perceba manipulação e sensacionalismo descarado ali, a mídia tá se usando de um momento de comoção pública para descer uma ideia (e uma ideia ruim) goela abaixo do povo. As pautas dos programas de televisão parecem ter saído de uma daquelas máquinas automáticas pensadas por George Orwell, todo ano as mesmas discussões baseadas em notícias sempre parecidas, eu simplesmente não consigo assistir televisão aberta sem ficar entediado.

Mas vamos falar da discussão em si, e porque eu acho essa história de diminuição da idade penal uma má ideia:

Pra começo de conversa, aquela história de que essa medida combate a violência não passa de uma mentira deslavada, pois segundo dados da fundação casa (antiga FEBEM), crimes violentos praticados por menores constituem pouco mais de 1% das internações (eu to somando homicídio com assalto). A imensa abordagem da mídia nos poucos casos violentos costuma dar a impressão de que o problema anda aumentando quando isso não é verdade, então não pense que você e sua família vão poder andar seguros de noite só porque tão prendendo adolescente adoidado. Isso sem contar que boa parte dos crimes violentos possuem contexto (jovens assaltando por estar sendo ameaçados de morte por traficantes, por exemplo).

E não venham me dizer que as pessoas pobres se envolvem com crime por “falta de vergonha na cara” só porque vocês vivem em um mundinho separado, em algumas comunidades o crime organizado é praticamente um governo à parte, é difícil ir contra pessoas que podem invadir a sua casa a qualquer momento. Vocês jovens e senhores que perderam o celular em um assalto, não saiam dizendo que “se fosse pobre não se meteria com o crime”, porque você não vive nessa  realidade para saber como as coisas funcionam de verdade.

Outra coisa, a cadeia brasileira faz tudo, menos ressocializar os presos, já tinha comentado no meu texto sobre o Jair bolsonaro mas não custa repetir: além de sofrerem maus tratos e “aprenderem” um pouco mais sobre violência, a cadeia ainda deixa um estigma dificílimo de tirar. Ninguém quer contratar um ex-detento para trabalhar, eles ficam com menos oportunidades ainda e acabam voltando a praticar crimes (nas prisões brasileiras, 60% dos presos acabam voltando). A redução da maioridade penal só ia servir para lotar ainda mais os presídios, piorando as já péssimas condições do lugar e perdendo de vez um monte de jovem que poderia retornar para a sociedade.

E, por pior que seja a fatalidade do jovem Deppman, não dá pra dizer que casos como o dele são, nem de longe, comparados com o número de mortes que a violência policial gera ano após ano com jovens negros e de baixa renda. Vamos deixar a hipocrisia de lado, além de estudante,  ótimo filho e amigo leal, Hugo deppman também era da classe média, e esse último item pesou muito para existir tamanha repercussão. Na sociedade regada pela tal da “meritocracia”, passa-se a impressão de que a vida de um único rapaz com condições valha mais do que centenas de pessoas mortas dia após dia nas favelas.

Fora que, tratar a violência juvenil como um problema “principal” é babaquice, é como tentar curar pneumonia com remédio para febre, tu não tá resolvendo o problema, simplesmente está tratando uma consequência. O sistema de exclusão e de péssima distribuição de renda, que aliena e esquece a maior parte da população, esse sim precisa ser tratado, do contrário, adultos e jovens violentos vão continuar aparecendo, não importa quantos queiram prender. A única mudança efetiva vai ser cadeias cada vez mais lotadas e cada vez piores.

Então por favor, senhores que ficam enchendo o saco com mimimi de “se você quer direitos humanos para um marginalzinho, leva ele para casa”, parem por um segundo para pensar que poderia realmente ser o seu filho aí, na sua casa. 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Marco Feliciano e bancada evangélica



Já falei do Silas Malafaia e sua homofobia, do Jair Bolsonaro e seu ódio por presidiários, não podia faltar nosso lunático presidente da comissão dos direitos humanos né? <3

Sem chover muito no molhado, todo mundo deve saber a situação, o pastor evangélico marco Feliciano foi eleito presidente da comissão de direitos humanos da câmara dos deputados, essa  nomeação se mostrou bastante irônica, visto que o parlamentar já era conhecido por manifestações preconceituosas no twitter (em uma delas dizia que o povo africano é amaldiçoado, em outra disse que deus matou John Lennon).

Em todo o país se fazem manifestações em favor da retirada de Marco da comissão, são feitas passeatas, protestos, abaixo-assinados, e pelo que eu sei nenhuma sessão dele consegue terminar porque sempre acontece alguma gritaria. O que mais tá me incomodando em toda essa história é que existem duas forças na contramão dos movimentos, uma que APÓIA o parlamentar, e outra que quer avacalhar o movimento dizendo que ele não é importante.

Ao primeiro, fica a minha pena, apoiar marco Feliciano para mim é quase tão ruim quanto apoiar Jair Bolsonaro (e olha que eu conheço gente que apoia os dois), é sinônimo ou de um conservadorismo babaca ou só de burrice mesmo. Esqueci de salvar a imagem que eu vi, mas vi uma pessoa na minha timeline comemorando, dizendo que estávamos no rumo de uma JESUSCRACIA. (pra mim já deu!)
Agora para as pessoas que ficam dizendo que tem muita coisa mais importante para se protestar, aqui vai:

Pra começo de conversa ele não é tão desimportante assim, marco Feliciano presidindo qualquer coisa é só uma amostra do poder que a bancada religiosa tá ganhando, e isso pode travar várias discussões importantes (como a dos direito dos homossexuais), o conservadorismo tá crescendo de uma forma preocupante, e eu acho MUITO válido acabar com a festa desse lunático.

Mesmo que ele não fosse tão importante assim, ainda assim defenderia os protestos, porque problemas pequenos também deveriam ser mais fáceis de resolver, e se dá pra resolver, porque ignorar apenas sob o argumento de que existe mais com o que se preocupar? Porque se depender do que as pessoas dizem, sempre só vão existir duas categorias de problemas: os pequenos demais para se preocupar e os grandes demais pra se resolver.

Não é de hoje que a bancada evangélica tem ganhado um espaço considerável na câmara e no senado, a cada nova eleição mais e mais pastores ocupam cargos políticos. É compreensível, quando se leva em conta que a igreja evangélica é a denominação que mais cresce no país, o problema é quando crenças são colocadas no meio de assuntos do interesse público, pois geralmente onde há muita religião, também há muito anacronismo.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Aprendi que (2) ...sobre lares, amigos e distância



Casa, lar.
À quase três anos tive quase certeza que essas palavras tinham sido arrancadas da minha vida, fui arrancado da minha cidade natal contra a minha vontade, deixando amigos, amores e lembranças para trás. Por algum tempo vivi meus dias tentando repetir aqui a vida que tinha lá, terminei descobrindo que nada mais seria como era antes.

Depois passei a viver  em função de minhas viagens de volta, nas férias. Pensava que assim tudo ficaria certo, teria a mesma vida, em um número limitado de dias, usando os outros apenas para garantir que minhas viagens dessem certo. Cada vez que voltava, meus amigos tinham conhecido pessoas que eu não conheci, e senti a cada vez que pertencia um pouco menos àquele lugar.Fiquei triste, como alguém que não tem nem pra onde ir nem pra onde ficar.

Hoje posso dizer que aprendi com o tempo, aprendi que a vida muda, mas que a gente não pode agir na contramão das mudanças.

Aprendi que meus melhores amigos vão fazer grandes amizades sem mim, mas que isso não significa que serei esquecido.

Aprendi que não dá para procurar pessoas novas que satisfaçam sua velha zona de conforto, mas que isso não significa que você pode encontrar abrigo em gente diferente.

Aprendi que “mudar” não é uma premissa para fazer amigos em um lugar diferente.

Aprendi que você não pode esperar ter o mesmo número de amigos em outro ambiente, mas deve ficar feliz em não estar sozinho, acima de tudo. Companhia não tem nada a ver com quantidade.

Aprendi que é impossível esquecer de onde você veio, do mesmo modo que é impossível para o lugar que veio esquecer de você.

Aprendi que amor é um sentimento que não sai de você, você só escolhe a melhor pessoa para direcioná-lo. E que é sempre possível amar de um jeito que você nunca tinha amado antes.

Enfim, aprendi que você não precisa se desfazer do passado para viver mudanças. 

Acima de tudo, aprendi que lar é um conceito que se constrói, e é possível ter mais de um , posso dizer com alegria que tenho dois :)
J

quarta-feira, 27 de março de 2013

humor controverso?



Quem acompanha o meu blog ou simplesmente conversa comigo com frequência sabe o como eu defendo o humor em todas as suas formas, desde filmes de humor britânico até stand-ups americanas daqueles bem pesados. Também sabem que eu sou de argumentar que existe um exagero por parte de algumas pessoas em atribuir maldade à algumas piadas fora de contexto. Mas dá pra defender o senso de humor de pessoas que compartilham (para zoar) a imagem de uma menina que não depila as sobrancelhas? Não dá, porque isso não é senso de humor, é só maldade.

Na contramão de fundamentalistas puritanos do politicamente correto, tá crescendo (e muito) o espaço para websites, páginas de facebook e vídeos que vão além do politicamente incorreto e do humor negro. Por um tempo, achei que se tratava de alguma “resistência” à censura do humor na internet, mas se foi isso mesmo, já passou dos limites faz muito tempo. Páginas que se intitulam “humor controverso” não fazem muito mais do que mostrar gente morta/morrendo/doente/”feia”, pegam uma criança com síndrome de down e colocam a legenda “chama o GM, o servidor tá bugado”.

Para mim algumas piadas servem para “rir para não chorar” de algumas adversidades da vida, mas não quando tu simplesmente pega a imagem de um feto abortado no chão com a legenda “esse dia foi loko”, não existe aquilo que eu chamei em um texto antigo de  “relação entre amigos que zoam”, é só bullying e maldade travestida de ousadia. A diferença entre isso e você zoar um negro ou um gay (eu sei que também é ruim), é que pelo menos negros e gays tem capacidade de se defender. Fora que é um humor fraco por si só, qual é a graça de pegar a foto de uma pessoa com uma “mononcelha” e só dizer “HAHAHAHAHAHAHA OLHA COMO ELA NÃO SE DEPILA”?

Você, que acha que está sendo rebelde enquanto zoa uma criança com doença mental, vou te contar um segredo, você não tá revolucionando nada, é tão preconceituoso quanto costumam ser, a única diferença é que você quer esfregar isso na cara dos outros. Quer ser diferente? Mostre compaixão e respeito, porque é esse tipo de atitude que tá faltando. 

Relações de trabalho- alguem vale menos do que você?

"operários" de Tarsila do Amaral (eu sei que o contexto da obra fala de fábricas , mas eu acho que a ideia de massificação do indíviduo pode ser interpretada da mesma forma


Cara, eu me sinto muito mal quando alguma pessoa trata outra como lixo baseado na sua profissão. Sabe quando alguma pessoa da sua família grita com a empregada ou quando alguém passa e joga lixo no pé do gari na rua? Não sei porque, mas nunca lidei bem com isso, e não quero que ninguém ache que só to falando para parecer uma pessoa boa.

Para mim, a sociedade é um grande organismo vivo que depende das funções que cada indíviduo realiza. Tudo bem que algumas pessoas ganhem mais dinheiro porque passaram mais tempo se especializando em uma determinada área, mas isso não a faz melhor que ninguém, porque a profissão “gari” é tão útil quanto à profissão “médico”. Se todos os garis/faxineiros sumissem do mundo e ninguém mais desempenhasse as suas funções, em pouco tempo os lugares virariam chiqueiros, propensos a todo o tipo de doença, o que poderia desencadear uma epidemia no estilo de qualquer uma da idade média.

Acho que ninguém é superior ou inferior quando se fala de relações de trabalho, se você trata subalternos como pessoas que valem menos, você é um idiota. Se um dia eu tiver empregados, espero tratá-los como amigos que executam funções que eu não sei/não tenho tempo de fazer. Porque é isso, não importa se você é um médico, advogado, engenheiro ou o que quer que seja, ninguém é auto suficiente e ninguém faz tudo sozinho, portanto, comece a tratar todos a sua volta com o devido respeito.

domingo, 10 de março de 2013

Resenhando



Quando soube que o trabalho final (e único) da disciplina seria uma resenha de livro, confesso que fiquei até um pouco aliviado, quero dizer,  eu só precisava ler um livro e escrever alguma coisa sobre ele. Mas a cada dia que passava, eu percebia que era uma tarefa mais difícil do que aparentava.

Para deixar a coisa mais didática, eu vou dividir o processo de confecção da resenha em quatro partes.
1.       
     Escolha do livro.
Parece brincadeira, mas deve ter sido a parte que mais me deu trabalho, tem gente que reclama quando professor coloca muita regra, mas quando “pode ser qualquer coisa”, fica difícil saber por onde começar.  Passei um longo tempo tentando decidir  um bom livro, e parecia que o mundo estava conspirando contra mim.

Não me interessei por quase nenhum livro e, quando algum chamava minha atenção, não batia com a única exigência (ter sido publicado em 2012). Depois de muita procura que realmente comecei a me interessar por alguma coisa.

O Primeiro livro que fiz resenha se  chamava “liberdade de expressão X liberdade de imprensa”, e eu realmente achei que seria interessante falar sobre a minha área, mas o livro era cheio de artigos universitários que eu mal entendia. Depois resolvi ler um épico brasileiro chamado  “a batalha do apocalipse”, que um amigo meu tinha dito que fora lançado esse ano,  adorei o livro, até descobrir que na verdade ele tinha sido publicado em 2007.

Depois, comprei o livro “barba ensopada de sangue”, porque tinha sido um livro aclamado pela mídia, mas eu sinceramente NÃO CONSEGUI TERMINAR DE LER, achei o livro chato para caramba, e olha que eu gosto de ler. Por fim, descobri que o Veríssimo tinha lançado um livro, e com Veríssimo não tem erro, nunca vi ele fazer nada ruim. (eu sei que eu podia falar de um livro ruim, mas o problema é que fui incapaz de terminar aqueles).

2.       Ler o livro.
Por ser um livro relativamente pequeno, acabei protelando bastante a sua lida, tentando ler uma ou duas por dia antes de dormir. Não tem muito o que falar sobre isso.

3.       RELER o livro.
Tentei  começar a resenha logo após terminar o livro, mas me vi incapaz de escrever qualquer coisa que seja sem reler. É difícil escrever a resenha sem reler o livro porque, numa primeira leitura, o meu foco se concentrou mais na narrativa (e no humor) do que nos discursos envolvidos e a forma com que eles foram construídos. Reler o livro é muito importante para se elogiar/criticar/dissertar com categoria.

4.       Escrever (de fato) a resenha.
Comparado com as três primeiras partes, a última seria moleza. Não foi porque o professor estipulou que deveria ter QUATRO folhas no mínimo. Eu consigo me expressar bem com poucas palavras, mas desconhecia um modo de escrever tanto sem “encher lingüiça”
tentei ler mais sobre o autor e sobre a maneira que ele escreve, bem como relações entre os temas que são abordados nas crônicas com temas da atualidade.

Enquanto escrevo esse relato, ainda falta pouco menos de metade das quatro folhas para terminar, espero conseguir até o final da semana.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Maresia, Terapia




Acho que todas as pessoas do mundo, sobretudo as arrogantes, deveriam reservar um espaço na própria agenda para sentar na areia da praia e olhar para o mar. As ondas que vão e vem, enchendo e esvaziando a maré, combinadas com um horizonte infinito que te engole.

Segundo os livros, o mar só começou a ser conquistado por volta do século XV, mas isso é o que diz a teoria, na prática ele  nunca foi dominado por ninguém, continua selvagem, continua imponente. Experimente tentar mudar o fluxo do oceano e verá que sua força não significa nada para  ele, a resistência humana  a uma mera onda se assemelha a de uma formiga sendo pisada.

As pessoas são, sim, inúteis perante as forças naturais que as cercam, mas qual o problema? O mundo não  intimida, o mundo  acolhe, protege.  Na próxima vez que tiver a oportunidade de ir em uma praia, sente-se e encare o horizonte, não lute contra a imensidão, passe a aceitá-la. Perceba que o infinito que te cerca não te pisa, pelo contrário, te envolve de maneira semelhante à um abraço confortante, que é, muitas vezes, tudo de que uma pessoa precisa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Se dar ao respeito.



Vivo escutando que certos tipos de pessoas deveriam “se dar ao respeito”,  se referindo à padrões de comportamento para cada sexo, estilos musicais, até mesmo à postura descontraída de certas  autoridades. Essa expressão trabalha com a premissa de que precisamos nos esforçar de alguma forma para ser respeitados, ou seja, nem todo mundo merece respeito.

Respeito não é algo que precisa ser conquistado, pois não é regalia, é um DIREITO básico de todo ser humano, independente de cor, gênero, renda, religião ou opção sexual.  Se você falta com o respeito por alguém baseado em alguma premissa preconceituosa, não venha tentar justificar o seu ato afirmando que o seu alvo “pediu por isso”.

E mesmo que precise ser conquistado, se ganha seguindo padrões de comportamento impostos? Isso não é respeito, é intimidação. Não peça permissão para que lhe respeitem, se imponha, porque nenhum direito é conquistado na base do “por favor”.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Jair bolsonaro, estatuto do encarcerado e sistema prisional brasileiro



Aproveitando a deixa do meu texto anterior sobre “paga pau de PM”, vi um vídeo de dezembro do ano passado que ainda circula nas redes sociais

O vídeo é com o deputado Jair Bolsonaro na câmara dos deputados falando sobre o projeto de lei que institui o “estatuto do encarcerado”, afirmando que o projeto é um absurdo, e citando cada vários itens com desdém. Só o link pra esse vídeo no facebook tem DEZENAS DE MILHARES de compartilhamentos, e a maioria dos comentários o enchem de elogios.

Antes de mais nada, esses são os itens que o deputado leu no vídeo, como sendo “direitos dos presos”
-Alojamento individual
-Alimentação de boa qualidade preparada por nutricionista
-Artigos de vestuário.
-Artigos de higiene como creme hidratante, shampoo e condicionador.
-Direito a visitar familiares com doença grave (com escolta policial)
-Remuneração.
-Para cada 400 presos: 7 médicos, 3 enfermeiros, 3 odontólogos, 3 psicólogos, 3 nutricionistas, 12 professores, 6 auxiliares de enfermagem, 20 instrutores técnico-profissionalizantes.
-dia 25 de junho para ser o dia do encarcerado.

Só eu acho que não tem necessidade de mimimi? Esse projeto de lei garante o mínimo de direitos para o encarcerado cumprir a sua pena com dignidade,  e sair de lá recuperado da vida de crimes. O sistema prisional Brasileiro é uma falha, as prisões estão lotadas porque estão cheias de presos reincidentes  e a população parece não dar a mínima , no máximo dizem que “vagabundo não tem jeito”, ou que seria melhor instituir pena de morte,  porque aparentemente matar a pessoa é mais fácil do que tentar recuperá-la.

 Analise a seguinte situação:

João comete um delito leve e vai parar na cadeia, lá dentro sofre com a violência e com as péssimas condições de higiene e saúde, habitando uma cela superlotada e vivendo que nem um animal. Após cumprir a sua pena, percebe que continua tão despreparado para arrumar um emprego quanto antes, e que agora que é ex-detento ninguém vai querer contratar ele mesmo. Sem opção, ele volta à vida de crimes até eventualmente cair na cadeia, ficando mais violento cada vez que isso acontece.

Eu conheço vários casos como o do João, pessoas como ele contribuem e muito para a lotação dos presídios brasileiros, as prisões estão sempre cheias porque não oferecem ajuda alguma para a pessoa sair de lá com condições para não precisar voltar mais. O ambiente carcerário não era pra ser o “lugar pro filho da puta se fuder até tomar vergonha na cara”, porque isso não ajuda ninguém, não ajuda o encarcerado, que vai continuar sofrendo dentro e fora da cadeia, e não ajuda a população “de bem”, que fica a mercê de bandidos super violentos fabricados por um sistema prisional falho.

Se o problema é que "o povo brasileiro não pode pagar isso", não precisam se desesperar, em vários lugares mundo afora detentos realizam funções dentro do presídio para custear celas muito mais luxuosas do que este estatuto pretende fazer. Colocar o sujeito para realizar uma atividade profissional além de "pagar" sua estadia, ainda o prepara melhor para o mercado de trabalho lá fora.

Jair não tá nem aí com isso, implica até com o direito do detento visitar familiar enfermo, se estivesse no lugar do detento, será que acharia justo? Como um deputado que se intitula o “deputado da família brasileira” pode ser tão cruel com a família dos presidiários? Essa contradição só encontra resposta quando entendemos que o conceito de família aplicado pelo parlamentar é dotado de uma série de preconceitos e moralismos antiquados, para ele infrator não tem família, porque pra começo de conversa infrator nem é gente.

No tal vídeo, ele tratou com desdém itens como HIGIENE, ALIMENTAÇÃO BALANCEADA , VESTIMENTA E ATENDIMENTO MÉDICO  DE QUALIDADE, isso não é mordomia, deveria ser direito básico de todo ser humano, principalmente em um lugar financiado diretamente pelo estado.  O pior que este comportamento nem é  de se surpreender vindo de um cara que afirmou em entrevista que um grande erro na ditadura foi “torturar e não matar”, e que é “preconceituoso com orgulho”. Se tem uma certeza que eu tomo nessa vida é a de que quase todo político que se diz “aliado da família Brasileira” é um tremendo idiota.

Sabendo tudo isso, me dói no coração ver gente sendo capaz de criar fã clube para ele na internet, e mandar mensagens de apoio como “JAIR BOLSONARO PARA PRESIDENTE”, “continue com o bom trabalho”, “único deputado sério nessa casa”, dentre outros absurdos.  

Nem vou  dizer que não quero desmerecer os eleitores e admiradores de Jair Bolsonaro, porque sinceramente é isto mesmo que eu quero.

Vídeo :
http://www.youtube.com/watch?v=9kdItZoNM28
link:
"sou a favor da tortura" Diz Bolsonaro
http://mais.uol.com.br/view/1575mnadmj5c/sou-a-favor-da-tortura-diz-bolsonaro-04020C9A3072D0810326?types=A

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Silas Malafaia e seu registro de psicólogo.



Nas últimas semanas, foi pro ar uma entrevista do Silas Malafaia no SBT, no programa da Maria Gabriela, o vídeo foi upado na internet e logo teve centenas de milhares de visualizações.  Sempre que qualquer absurdo é publicada em nome de malafaia, seja suas manifestações no youtube, seja suas discussões com o deputado ex BBB, coloca-se na mesa algum projeto para que se casse o registro de psicólogo dele.

Eu não era a favor deste tipo de coisa, visto que costumo defender que cada um tem o direito de falar o que bem entender, e atitudes contra o pastor Silas malafaia seriam um pecado contra a liberdade de expressão, por mais que o mundo seria melhor se ele nunca tivesse abrido a boca pra começo de conversa. Mas o meu texto não é pra silenciar o PASTOR SILAS, quem tem que calar a boca urgentemente é o PSICOLÓGO Silas.

“Ah, mas qual é a diferença?”

O registro como psicólogo do Malafaia dá pra ele mais um instrumento para convencer pessoas humildes que o que ele fala tem fundamento. “Ah, ele é psicólogo, entende a mente humana, por isso que ele fala que homossexual é doente”.  Pessoas sem muita instrução não costumam contestar  “especialistas”, apenas tomam seu discurso como verdade. Esse tipo de atitude é nociva quando um dito psicólogo propaga ideias tão alheias à área (no fim do texto tem um link explicando melhor isso).

Se ele quer continuar sendo homofóbico, isto é outra conversa, cada vez mais acredito que deve ter algum tipo de regulamentação pra esse tipo de lunático (to mudando de ideia, eu sei –q), mas que ele não intercale o seu discurso com mimimi de “eu sou psicólogo”. Pelo pouco que eu sei da profissão pelos seis meses que eu fiz de curso, um verdadeiro profissional da psicologia tenta fazer o seu paciente se aceitar, e não jogar juízos de valor baseado em crenças religiosas.

Fora que né,  não é como se a gente tivesse tirando o pão pra alimentar os filhos dele, há tempos o pastor não ganha dinheiro como psicólogo, e mesmo assim tem uma fortuna estipulada pela revista FORBES de 150 milhões, que ele rebateu na entrevista dizendo que era SÓ quatro,  como se isto significasse que ele deixava de ser rico. Se ele mesmo se diz “o pastor que mais vende DVD no Brasil”, que questão toda ele faz de um registro ?  Porque não esperar que as pessoas o procurem como líder espiritual ao invés de psicólogo?

A verdade é que o silas se ofende e faz algazarra porque sabe que é um profissional que depende da fé dos outros, e perdendo seu registro, estará perdendo também grande parte de sua credibilidade, consequentemente boa parte dos fiéis, e grande parte do seu dinheiro. Seria tão absurdo se fosse um pastor formado em medicina dizendo pra o fiel com câncer não procurar ajuda e ter fé em deus. Acredito que se Silas não sofrer sanções como profissional, será um insulto à todos os psicólogos do Brasil, como se qualquer picareta pudesse atuar como um.
Obter um diploma nãp é a única prova concreta de que alguém é apto para tratar outros, atitudes também o são, e todos sabemos que o pastor silas não tem a ficha muito limpa.
Fontes:
Conselho Federal de psicologia Repudia Silas Malafaia:
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/02/conselho-federal-de-psicologia-repudia-silas-malafaia.html
Entrevista do silas:
http://www.youtube.com/watch?v=f9PRxx1qghE

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

~Conservadores de facebook~ #01



Desculpa pela ausência pessoal, tava atolado em trabalhos da faculdade e com um bloqueio criativo, mas estou de volta  aqui e espero que o resto do pessoal volte a postar logo também.

Ficar sem escrever não significa que fiquei sem fazer nada por aqui, dediquei meu tempo à leitura, inclusive dos meus próprios textos. Cheguei à conclusão  de que sempre que escolhia alguma coisa pra criticar, falava sobre  algo relativo à esquerda (feminismo e movimento negro não tem necessariamente uma ligação direta com a esquerda, mas os movimentos sempre costumam andar de mãos dadas). Essa minha tendência acabou por me fazer ser alvo de piadinhas entre meus amigos e por acusações de pessoas de fora. “Reacionário”, “Fascista” “Guerreiro Da Real” e por aí vai.

 Não sei se “acusação” é a palavra certa pra esses adjetivos ligados a mim, pois a maioria deles não precisa necessariamente ser encarada como uma ofensa, e eu não levei pra esse lado (só fico puto quando me comparam com o Malafaia, mas aí é pra outro texto). A única reação que tive  foi pensar que já estava na hora de eu falar da Direita, ou das falhas, ou, mais especificamente, da gente retardada que eu adoro falar por aqui.

Se eu tentasse resumir em um texto só todos os argumentos e absurdos dos conservadores de plantão, ficaria uma coisa grande e cansativa, por isso decidi que farei uma série de textos sobre isso. Nesse momento vocês estão lendo a parte um, as outras serão postadas durante o mês, e vai durar enquanto existir assunto pra ser dito, espero ter um feedback bacana e boas sugestões por parte dos leitores.
Chega de delongas, vamos pro que interessa. :)

Primeiro, gostaria de ser claro em um  ponto que talvez eu não tenha sido antes, EU NÃO SEI QUAL É A MINHA POSIÇÃO POLÍTICA. Acho que sou muito novo pra ter uma formação política sólida, por isso sempre que posso leio mais sobre cada uma e tento pegar elementos que eu concorde ou discorde
Segundo, conceituar ideologia política é uma parada complicada, sempre vai ter alguém que vai dizer que eu escolhi um conceito inadequado. Pra facilitar, eu vou dar o conceito de “Direita” que vai ser aplicado nos próximos textos dessa série:

Postura Política anti-esquerda (anti-comunista, anti-PT, anti-Marx, por aí vai),  podendo ser liberal economicamente, mas conservadora socialmente e em assuntos relativos à escolhas individuais  (se distanciando de doutrinas como o libertarianismo). Posições com fortes tendências religiosas e baixa tolerância com diferenças.

Agora o que interessa (perdoem-me pela enrolação)

Se eu tivesse que escolher um adjetivo para definir os esquerdistas  radicais de internet, acredito que usaria a palavra “implicante”, quero dizer, até posso dizer que geralmente eles tem noção do que estão falando, mas escolhem coisas chulas demais para criticar, aumentando problemas que já estão perto de serem resolvidos (sim, eu sei que uma galera discorda). Agora, se eu tiver que escolher um adjetivo para os direita-conservadores de internet, eu ficaria realmente indeciso entre LUNÁTICO, MALUCO, e todas as variáveis que enfoquem em distúrbios mentais. Se de um lado a esquerda exagera alguns problemas que já estão bem menores, gente de direita  gosta de INVENTAR problemas que nunca existiram, seja quando fala que existe uma “branco-fobia” ou “heterofobia” ou quando afirma que vivemos em um  “Matriarcado” ou “Ditadura Feminista”.

Uma  pequena zapeada nas páginas de facebook denominadas de “direita” ou  "conservadoras" e eu vi cada imagem e comentário absurdo, desde teorias mirabolantes como “ a  conspiração de mulheres  depravadas comunistas que pretendem perverter a sociedade brasileira para aceitar o casamento gay e vender a Amazônia para os “marxistas norte- americanos” (EU NÃO TO BRINCANDO) até imagens moralistas que mandam homossexuais tomarem vergonha na cara se quiserem ser respeitados na rua, basicamente dizendo que eles não deveriam se beijar em espaço público. Deve ter alguém lendo que acha que eu peguei pelo absurdo e pela minoria, mas quando uma página tem DEZENAS DE MILHARES de curtir e compartilhamentos, acredito que já seja possível pegar como um objeto de estudo próprio.



Agora (finalmente)  vamos para os tipos de “conservadores de facebook”


1. Paga paus de PM 



Herói mais comum: Capitão Nascimento do 1º filme, ao ponto de utilizar muitas citações dele como
argumento para vários assuntos, como tráfico de drogas (É VOCÊ QUE FINANCIA ESSA PORRA!!!!!!), quando o personagem muda o foco para os políticos no segundo filme, alguns disseram que ele “arregou”.

Essa categoria engloba todos aqueles que compartilham foto de militares e policiais com os dizeres “ESTOU AQUI PRA PROTEGER A SUA FAMÍLIA”. É o tipo de gente que  endeusa militares ao mesmo tempo que demoniza qualquer pessoa que comete atos ilícitos, não pode ver um caso violento envolvendo “de menor” que já começa a falar de diminuir a idade penal e introduzir pena de morte, e chegam a aplaudir quando casos de policiais executando pessoas vai pra mídia. 


Não podem ver um ex presidiário se dando bem na vida que já acham que é injustiça, que o Brasil precisa “acordar”, que é tudo culpa da globo e da mídia que quer passar a ideia subliminar que “o crime compensa”

 Esquecem, óbvio, que a prisão não serve pra torturar e humilhar ninguém (embora seja geralmente isso que aconteça), a função social dela está justamente em devolver os indivíduos para a sociedade de forma que eles possam “se dar bem na vida”. Também parecem não entender que a pobreza , marginalização e consequentemente a criminalidade são uma construção sócio-econômica, influenciamos a pessoa a ser violenta e depois a punimos. 

Os heróis mais repetidos dessa categoria tem um curioso ponto em comum, A MAIORIA NEM EXISTE, dá vontade de rir de gente que usa como principal argumento citações de CAPITÃO NASCIMENTO, ou até mesmo de  YAGAMI RAITO (aquele cara do death note). Uma vez estava discutindo sobre isso com um cara e ele veio me dizer a seguinte frase:

(parafraseando)
"VOCÊ DEFENDE BANDIDO PORQUE FICA CAINDO NA DE FILME AMERICANO E DA GLOBO QUE QUER FAZER BANDIDO DE SANTINHO, VOU TE CONTAR UMA COISA, NÃO DÁ PRA FUGIR DO CRIME QUANDO VOCÊ ENTRA, EU MESMO ESTAVA JOGANDO UM DIA DESSES UM JOGO DE XBOX E...."

SÉRIO BICHO EU NÃO TO BRINCANDO O CARA USOU UM JOGO DE VIDEOGAME COMO ARGUMENTO AUHEUAHUEUAEEAIUHEUAHE

Cara, se o único exemplo que você consegue tirar da sua cabeça é um pedaço de jogo de videogame, desculpa, mas você tá mal de argumentos. 


Esse tipo de atitude, opinião e comportamento de classe média conservadora reflete indivíduos satisfeitos em exercer a sua indiferença para com os problemas sociais, mas que precisam se justificar de algum jeito para não sentir culpa. É bem mais fácil assumir que todos que cometem crimes são criaturas vis e malvadas, que possuem “sangue de vagabundo” (vi isso em um comentário de imagem), como se apenas a classe média e alta tivessem bom coração.
Então é isso pessoal , esperem  a segunda parte desta série por estes dias, quem quiser dar alguma sugestão é só publicar no mural da nossa página do facebook.